AS CONTRADIÇÕES NO CASO SHIAVO
0000FF”> Depois de uma batalha judicial que levou anos, o marido de Terri Schiavo acabou vencendo: os tubos foram retirados e depois de 13 dias ela acabou morrendo.
O que chama a atenção não é o fato de quem está com a razão: o marido, que desejava a morte da esposa, ou os pais, que desejavam que ela fosse mantida viva, mas a forma como o governo e a própria sociedade americana tratou o caso.
Sim, porque não há nada mais contraditório, mais sem sentido do que os esforços de um grupo de políticos conservadores liderado pela Casa Branca no sentido de fazer de tudo para salvar a vida daquela mulher. As batalhas que se travaram me chamaram em muito a atenção. Pelo simples fato de ter ocorrido nos EUA – um exemplo de democracia e liberdade.
Muitos podem até dizer que aquela mulher tinha direito à vida, como todo ser humano; o que seria justo se Terri Schiavo fosse um ser humano tal qual a gente entende: um ser capaz de sentir, pensar e compreender o que se passa a sua volta. Mas o que era Terri Schiavo, senão um corpo sobre uma cama, um ser vivo tal qual uma planta?
Ora, por que defender o direito a vida de um ser vegetativo? Se ao mesmo tempo o estado condena a morte pessoas com plenas faculdades mentais? Ah, sim! Pode-se alegar que um condenado cometeu um crime e Terri era inocente. Mas por acaso os condenados pediram para serem executados? Também eles não têm, como qualquer ser humano, direito à vida, independente de seus crimes? Creio que sim. Por acaso é justo enviar soldados para uma guerra ilegítima, uma guerra condenada pelas Nações Unidas, sabendo-se que milhares deles não vão voltar? Isso também não é uma forma de condenar seres inocentes à morte? Pois acho que sim. E o dinheiro gasto para mantê-la viva não daria para dar assistência a inúmeras crianças que morrem de fome?
Como que um governo, que executa seres humanos, pode usar de oportunismo para criar leis ainda mais oportunistas, para tentar impedir a morte de um ser? Ser este que nem mesmo pode ser considerado mais um ser vivo? Não é muito contraditório tudo isso? Pois não existe argumento que justifique tais iniciativas. Há não ser pelo simples fato de se desejar agradar a ala mais conservadora da sociedade, aquela que elegeu o atual governo, mesmo que isso seja uma tentativa de sujeitar o estado laico ao cristianismo ortodoxo. O que também é uma grande contradição, haja vista que os conservadores são os maiores defensores da não intervenção do governo na vida privada.
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