O QUE FAZER PARA CONTER A CRIMINALIDADE?
A onda de violência que marcou São Paulo há quinze dias é um dos episódios mais tristes da história do maior estado da federação nas últimas décadas. Vai ficar marcado na lembrança dos paulistas por muitos e muitos anos, embora as pessoas costumem ter a memória curta.
Acredito porém que a experiência traumática o suficiente para não cair no esquecimento assim tão rápido; pois o que se viu aqui em São Paulo foi quase o mesmo que acontece todos os dias no Iraque e em outros países africanos à beira de uma guerra civil: uma afronta a sociedade e a todas as instituições, principalmente no que se refere a segurança pública.
A reação do governo tanto no plano estadual quanto federal deixou a desejar, embora a segurança pública seja de competência do governo estadual. Isso contribuiu para que o pânico se generalizasse, dando a sensação de que éramos reféns do crime organizado, de que a polícia não mais podia nos proteger.
Que houve um descaso do governo do PSDB na segurança pública não resta a menor dúvida -- aliás, com isso pode ter sido o fim do sonho de Geraldo Alckimin de se tornar presidente –; no entanto, isso agora não vem ao caso. A questão que se coloca é a seguinte: o que o governo vai fazer para que isso não se repita? Porque se nada for feito com urgência, em pouco tempo isso se tornará rotina aqui em São Paulo, assim como é rotina os traficantes imporem o toque de recolher nas favelas do Rio de Janeiro.
Se se quer resolver o problema da violência e da criminalidade, é preciso traçar uma série de metas. Dentre essas metas deve estar incluso a construção de novos presídios de segurança máxima, melhorar as condições de trabalho dos policiais tanto no quesito salário quanto aparelhagem, tornar mais eficiente a justiça para evitar a sensação de impunidade, e tornar mais rigorosas as penas não só para os crimes hediondos como também para aqueles condenados que promoverem rebeliões nos presídios. Além disso, é preciso aprimorar o combate à desigualdade social, a distribuição de renda, o combate ao desemprego para que os jovens não sejam arrastados à criminalidade por falta de perspectivas. Sem isso, é tapar o sol com a peneira.
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