Quando se atenta aos detalhes do embate entre os três poderes em torno do escândalo Carlinhos Cachoeira tem-se a impressão de que estamos vivendo uma disputa por poder, onde as gravações da Polícia Federal são usadas como arma de troca e chantagem a fim de conseguir algum benefício. Que as mais variadas instituições ligadas ao poder público brasileiro é um antro de contravenção há décadas é de conhecimento de todos – pelo menos daqueles mais informados. Mas tem-se a impressão de que a coisa chegou a um ponto onde todos são criminosos, inclusive os membros do poder judiciário. Ainda é cedo e não está claro quais são os verdadeiros interesses dos envolvidos nesse escândalo, uma vez que há muitos interesses em jogo; todavia, a disputa por poder pode estar por trás de tudo isso. E o amigo leitor deve estar muito atento, pois nem sempre os culpados são de fato tão culpados quanto parece. E nem os acusadores são tão isentos de responsabilidades quanto se fazem crer. Exemplos disso são os embates entre o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e os senadores Demóstenes Torres e Fernando Collor de Melo, assim como as declarações da revista VEJA de que Lula teria sugerido ao Ministro Gilmar Mendes o adiamento do julgamento dos envolvidos no escândalo do Mensalão. A quem pode interessar tudo isso? Fica aí a pergunta, a qual talvez nunca seja respondida.