Existe um fato: Lula sugeriu ao ministro do STF Gilmar Mendes o adiamento do julgamento dos envolvidos no escândalo do “Mensalão” para não prejudicar as eleições municipais de outubro. Existem duas interpretações dos fatos: Lula tentou interferir no julgamento do mensalão (uma) e Lula apenas fez uma sugestão ao ministro (outra). Quanto a primeira, esta está sendo explorada não só pelo próprio Gilmar Mendes como também por alguns setores da sociedade, ligados àqueles que tem algum desafeto com o ex-presidente e o Partido dos Trabalhadores (PSDB, DEM, PPS e alguns setores da mídia) que pelos mais variados motivos tentam tirar algum proveito da situação, talvez querendo atingir a presidente Dilma. Quanto à segunda versão, compartilhada pelos demais ministros do supremo e pelos demais setores da sociedade que, além de não verem uma interferência no julgamento do mensalão concordam inclusive que julgar os culpados do mensalão durante as eleições pode sim influenciar nas eleições e não contribuem em nada para a democracia. O melhor seria a antecipação ou até mesmo o adiamento. Mas voltando ao Ministro Gilmar Mendes. Por que ele fez tal declaração justamente para a revista Veja? O que ele quis com isso? Por que ele foi se encontrar as sós com Lula se presumivelmente sabia que o assunto seria o mensalão? Não seria mais prudente ter recusado o convite? Não é questão de acusar ou não o Ministro. Mas não devemos esquecer que Gilmar Mendes, antes de virar ministro do STF, indicado pelo então amigo FHC apesar de uma série de protestos contra sua indicação, foi secretário da presidência do então presidente Fernando Collor de Melo (PRN) e depois Advogado Geral da União no governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSBD), aliás quem o levou ao supremo com a aposentadoria do ministro Néri da Silveira. É de se lembrar também que foi o próprio Gilmar Mendes quem em 2008 concedeu de forma surpreendente dois habeas-corpus em 48 horas ao banqueiro Daniel Dantas, gerando uma crise que ficou conhecida como “foro privilegiado ao banqueiro que havia roubado milhões”. E mais uma vez o próprio Gilmar Mendes se envolveu numa crise institucional, gerada pela operação Satiagraha, a qual foi denunciada pelo colega Ministro Joaquim Barbosa, que gerou um embate entre os dois ministros que dura até hoje. E por último vale lembrar que Gilmar Mendes é citado nas gravações da quadrilha do Carlinhos Cachoeira por diversas vezes e viajou e se encontrou com Demóstenes Torres em Berlim. Agora eu pergunto: é ele ou o ex-presidente Lula o mais interessado em criar uma crise entre os três poderes?
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