A morte de Hugo Chávez é uma imensa perda não só para o povo venezuelano como para a esquerda da América Latina. Amado por muitos e odiado por uma minoria da direita reacionária, o Hugo Chávez era, na história recente, o maior herdeiro do caudilhismo (fenômeno cultural que surgiu no o início do século XIX na América do Sul revolucionária, como uma forma de líder de milícia com personalidade carismática e um programa suficientemente populista de reformas genéricas a fim de obter a adesão maciça das classes mais baixas da população). Era um líder carismático que soube como nenhum outro governante venezuelano promover uma distribuição de renda. Embora os opositores, principalmente no exterior, insistem em chamá-lo de ditador. Título esse que não corresponde aos fatos. Até porque ele foi eleito democraticamente e todas as instituições democráticas funcionam na Venezuela. Talvez as únicas exceções sejam a imprensa, a qual possui alguma restrição, e a atividade econômica que é fortemente controlada pelo estado. Por outro lado, Chávez conseguiu o que até então nenhum outro governante venezuelano conseguiu: tirar milhares de venezuelanos da miséria. Diferentemente do Brasil, o falecido governante venezuelano optou por uma ruptura com a ordem econômica vigente e deu uma guinada à esquerda, reestatizando as principais indústrias e as empresas exploradoras de recursos naturais, como as petrolíferas por exemplo. No campo diplomático, aproximou-se de Cuba e das ditaduras do Oriente Médio, o que lhe rendeu o título de amigo de ditadores, afetando não só a imagem da Venezuela como do próprio Hugo Chávez. Talvez este tenha sido o seu maior erro. É inegável que essa aproximação ocorreu depois que o líder venezuelano foi vítima de um fracassado golpe de estado, organizado por uma minoria da direita e apoiada equivocadamente pelos EUA. Chaves não perdoou os EUA por isso. E para desafiar o governo americano se uniu aos maiores inimigos dos EUA. Mas agora que Chávez está morto, é bem possível que a Venezuela volte a se aproximar dos Estados Unidos ao mesmo tempo que se afaste de países como Síria e Irã. Quanto ao legado de Chávez, não resta dúvida que as conquistas sociais por um lado e uma economia extremamente estatizada por outro, marca do bolivarismo, ainda se refletirão por décadas na sociedade venezuelana.