QUERIDO PAPAI NOEL...
Querido Papai Noel!
Sei que o senhor anda muito ocupado nessa época. Há tantos presentes para entregar. E eu não queria interromper o seu trabalho com essa carta, com mais um pedido. Aliás, o senhor nem consegue atender a todos, não é verdade? Ah! Fico imaginando cada coisa esquisita que as crianças de hoje em dia pedem ao senhor! Elas não são mais como as de antigamente. Até porque o mundo mudou tanto. As crianças que poderiam pedir algo mais modesto não o pedem: ou não acreditam mais em papai Noel porque nunca ganharam nada, ou até acreditam, mas os presentes nunca chegam.
Bem, eu já não sou mais uma criança; para ser sincero, eu tenho mais idade que muitas crianças juntas. Mas isso não vem ao caso, porque a verdadeira criança está dentro de nós mesmo. E se quisermos, poderemos ser crianças por toda a vida. É uma pena que as pessoas ficam adultas e se esquecem disso! Talvez se fossemos sempre crianças, o mundo não seria tão complexo e não haveria tanto sofrimento. Eu sei que o senhor deve saber muito bem: as crianças não são mesquinhas como os adultos. Elas brigam umas com as outras e até tomam o brinquedo uma da outra; no entanto, não são capazes de guardar rancor, de odiar por toda a vida e nem mesmo de ferir o outro intencionalmente, com o propósito de lhe causar dor. Aliás, são muito mais humanas do que nós adultos.
Ah, papai Noel! Não quero tomar seu precioso tempo, nem mesmo aborrecê-lo com uma carta assim tão longa! Sei que o senhor até deve estar curioso em saber o que um adulto – afinal adultos não acreditam em papai Noel – pode quer de um bom velhinho. Mas tenha um pouco de paciência. Lembre-se que sou um adulto, e os adultos são assim mesmo: gostam de explicar tudo nos mínimos detalhes e não percebem que por causa disso, às vezes, tornam-se muito chatos. Será que até o senhor está me achando chato? Se tiver, peço desculpas de antemão.
Ah, sim! O senhor que saber por que lhe escrevi? Ora! Porque também eu quero lhe fazer um pedido. Ah, que pedido? É mesmo! Já ia me esquecendo.
Sabe, papai Noel! Eu não quero pedir muita coisa. Entretanto, o que eu quero pedir talvez seja algo impossível. De todos os presentes impossíveis que as crianças pedem, o meu será o mais impossível de todos. Não creio que o senhor irá me atender. Mesmo assim, não me custa nada tentar.
Não sei se dentre os milagres que o senhor realiza, há a possibilidade de mais um. Eu não queria muita coisa. Só queria que o senhor, ao invés de me trazer um presente caro, algo que pudesse satisfazer somente a mim, presenteasse todos os nossos políticos com um pouquinho de honestidade. O senhor deve saber que no próximo ano teremos eleição, e seria tão bom que todos os eleitos fossem honestos. Não digo completamente honestos, porque isso é uma ilusão, mas um pouco que fosse. Talvez assim olhassem mais pela população mais pobre, mais sofrida e menos para o próprio bolso. Talvez assim, com esse pouquinho de honestidade, fizessem alguma coisa para reduzir a desigualdade social e conseqüentemente mais crianças poderiam sonhar com um presente no natal e acreditar em papai Noel.
Mas não sei se o senhor conseguirá atender o meu pedido. Porque a desonestidade é tão grande nesse país que fica difícil encontrar alguém honesto. Ser honesto hoje em dia é sinônimo de idiota. Além do mais não é fácil ser honesto; porque para se provar a honestidade são necessários muitos feitos, mas a desonestidade um mal-feito já é o bastante. E o senhor sabe, né!? Políticos têm uma inclinação por tudo que é fácil.
Contudo, se por acaso o senhor não consegui atender ao meu pedido, talvez possa atender esse outro, que me parece bem mais fácil: o senhor poderia iluminar todos os corações para que cada ser humano tirasse um pouquinho de si e fizesse uma criança carente feliz. Peço isso, porque sei que é um desejo mais fácil. Não resolveria o problema de nossas crianças, mas pelo menos lhes daria esperança e alguma alegria. Entretanto, peço imensamente que o senhor se esforce para realizar o primeiro pedido; pois caso seja atendido, o segundo atender-se-á como conseqüência da honestidade de nossos governantes.
Não sei se o senhor conseguirá atender algum desses dois pedidos. Mas se não for possível, que Deus tenha piedade de nós; porque nossas crianças continuarão morrendo vítimas da miséria – uma miséria que as leva cada vez mais cedo para o tráfico, a criminalidade e a prostituição.
Para terminar, fica aqui a esperança de que o senhor encontre alguma forma de atender o meu pedido. Afinal a esperança é o que nos faz acreditar num futuro melhor.
Atenciosamente,
Um adulto que ainda acredita em Papai Noel.
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