Usina de Letras

Eu poderia não só escrever uma dezena como também uma centena de razões para votar no presidente Lula. Mesmo assim essas razões não seriam suficientes para fazer com que você, querido leitor, mude o seu voto. Primeiro, porque já teve tempo suficiente para tomar sua decisão. E se já tomou, não vai voltar atrás agora. Segundo, porque você como leitor da Usina de Letras provavelmente é uma pessoa esclarecida e bem informada; de forma que não se deixa influenciar facilmente por opiniões alheias.
Bem. Este também é o meu caso. Não me deixo levar por A ou B. Procuro antes de tudo analisar os fatos, principalmente com o passado – coisa que muitos não fazem, pois se esquecem facilmente --. Então, por que justificar o meu voto? Não bastaria tão somente dizer em quem vou votar e pronto?
Não, queridos leitores. As coisas não devem ser assim. Faço isso como um exame de consciência, como forma de mais tarde avaliar se as razões que me levaram a fazer tal escolha eram ou não verdadeiras, se aquilo que eu pensava e esperava do meu candidato se confirmou.
Eu não posso dizer que o presidente Lula vá ou não cumprir o que está prometendo. Não é tanto por isso que vou votar nele; mas sim pelo que ele já fez e pelo que poderá fazer.
E nesse ponto acredito que ele leva uma enorme vantagem tanto sobre Geraldo Alckmin quanto a senadora Heloísa Helena. Embora estes dois últimos sejam pessoas de bem, prometem mundos e fundos quando é sabido que as condições macroeconômicas não permitem que cumpram o prometido.
Qualquer pessoa bem esclarecida sabe que milagres não existem. Nenhum presidente vai resolver o problema da desigualdade social, do desemprego, da educação e da segurança em quatro anos de governo. Isso leva tempo, talvez mais de uma década. Da mesma forma, não se pode reduzir drasticamente a taxa de juros sem gerar desconfiança e instabilidade no mercado financeiro e conseqüentemente provocar uma corrida ao dólar, fuga de capitais, aumento da inflação e principalmente pôr por terra todas as conquistas dos últimos anos no combate a inflação. Por isso, optar entre manter o que está sendo feito e dar um tiro no escuro, eu prefiro ficar com a primeira opção.
Além do mais, a oposição pode criticar o governo Lula em vários pontos – o que não deixa de ser verdade --, contudo, muitas conquistas nos fazem ter a sensação de que as coisas nunca estiveram tão bem como agora. Eis algumas delas:
• Desde o começo dos anos 80, é a primeira vez que nos tornamos independentes do FMI. Quantas e quantas vezes nas últimas décadas ouvimos falar em FMI, em ortodoxia, em planos econômicos para se adequar às condições impostas pelo FMI? Quantas e quantas vezes o governo FHC não teve que recorrer aos empréstimos do FMI para evitar que o país fosse definitivamente para o buraco? Aonde foram parar o dinheiro das privatizações? E como que o governo Lula não só dispensou o FMI como pagou a dívida deixada por FHC?
• Desde o começo dos anos 70 nunca tivemos uma taxa de inflação tão baixa. Sem que isso fosse conseguido artificialmente por um plano econômico mirabolante, como o plano cruzado no governo Sarney, o confisco de poupança no governo Collor ou o plano Real e o câmbio fixo no governo FHC.
• Nuca nas últimas décadas pode-se fazer planejamentos a prazos tão longos. Hoje em dia pode-se comprar carros, eletrodomésticos, moveis em mais de 80 prestações fixas.
• Pela primeira vez na história recente a economia se manteve afastada das crises políticas. Aliás, nem parece que estamos às vésperas de uma eleição presidencial. Alguém se lembra de como a situação estava em 2002? Não? Inflação em alta, fuga de capitais, dólar a R$ 4,50, risco país em 2.400 pontos.
• Nunca um governo fez tanto pelos menos favorecidos. Ainda não se resolveu o problema da miséria – e nem em dez anos conseguirá resolvê-lo --, mas não resta dúvida de que os miseráveis estão pelo menos tendo o que comer. E até aqueles que ganham um salário mínimo nunca puderam comprar tanto com este salário. Só para lembrar: no governo Sarney o salário mínimo chegou a valar US$ 40,00, no governo FHC a US$ 90,00 e agora ele vale US$ 165,00, ou seja, quase o dobro.
• Pela primeira vez o Brasil é auto-suficiente em petróleo. Apesar dos preços exorbitantes lá fora, aqui os preços não foram reajustados na mesma proporção. Aliás, não só nos tornamos auto-suficientes em petróleo, como nos tornamos uma referência mundial na produção de combustível limpo. O Álcool e o Biodisel já começam a ser exportado para vários países.
• Nunca o Brasil teve uma posição de destaque no cenário internacional como nos últimos anos. Não só deixou de ser o quintal dos EUA como passamos a ter voz ativa nos principais fóruns econômicos e uma posição de destaque no comércio mundial. Nossas balança comercial bate um recorde atrás do outro e nunca as nossas reservas em dólares foram tão altas. Hoje, somos tratados de igual para igual pelas nações do primeiro mundo. E pela primeira vez fomos chamados a liderar uma força de paz internacional em uma região de conflito.
Agora eu pergunto: Por que o PSDB e o PFL não fizeram isso em oito anos de governo FHC? E quem me garante que farão mais do que o presidente Lula? Ah, meu amigo leitor! Eles tiveram a sua vez. E se não fizeram antes, por que fariam agora? Por que agora seria diferente? Não, não. Eu prefiro não arriscar. De uma forma ou de outra, pelo menos o Brasil melhorou e muito. Houve sim casos de corrupção no governo do presidente Lula, mais isso aconteceu em todos os anteriores. Ou você já se esqueceu do escândalo da compra de votos para a reeleição de FHC? O fim da corrupção não depende só do governo. É preciso não só mudar as leis como principalmente a cultura brasileira, essa mania que o brasileiro tem de querer levar vantagem em tudo. Portanto, a corrupção ainda vai existir por um bom tempo, independente de quem seja o presidente. Por isso, meus amigos, eu acredito que a melhor pessoa para governar esse país ainda seja o presidente Lula e por isso é que o meu voto vai para ele.