QUANDO O AMOR NÃO ACABA - capítulo XIII
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Diferentemente das outras vezes, nesta não houve promessas irrealizáveis. Estava desesperadamente louco para ficar com ela, todavia sabia que não adiantava mentir para mim mesmo. Se dissesse que ia dar um jeito de ficar com ela, que jogaria tudo para o alto e voltaria, estaria não só enganando a ela como a mim mesmo. Além do mais não nos interessava mais promessas que não seriam cumpridas. Já não éramos mais aqueles adolescentes sonhadores de anos atrás. Havia uma força invisível, algo mais forte que nossa compreensão e que nos unia para sempre, contudo, isto estava além de nós. Apesar de todo esse tempo e de todos os encontros e desencontros, ainda não havíamos percebido que existia um laço nos unindo para todo o sempre.
Ao pensar nisso agora, eu me vejo como um idiota. Como um homem que, ao pôr a ciência e a razão acima de tudo, esqueceu que há certas coisas sem explicação. Talvez, se não tivesse sido tão cético, teria percebido essa força que nos arrastava um ao outro e não teria tentado fugir ao destino. Um destino que, por tê-lo enganado todos esses anos, agora se vinga de mim da forma mais cruel possível.
Ainda me recordo das últimas palavras, do último beijo e da última troca de olhar. Ainda consigo ver em minha mente, apesar de todos esses anos, os detalhes de sua roupa. Podem-se passar mil anos que mesmo assim ainda vou me lembrar de tudo.
Sei que nosso amor sempre foi um amor puro, um sentimento acima de qualquer desejo libidinoso. Isso porém não me impediu de a desejar e nem de me arrepender de não ter tentado um contato íntimo. Não exatamente um ato sexual, mas uma carícia mais íntima. Nosso relacionamento já tinha mais de dois anos e ainda não tínhamos nos tocado além do que nossas roupas permitiam.
Talvez agora seja o momento mais adequado para falar disso, já que toquei no assunto.
Nossos encontros sempre foram marcados pela inocência e pela pureza. Disso o leitor jamais poderá duvidar. Contudo, o que eu não fazia pessoalmente com ela, eu fazia em pensamentos e na solidão.
Sei que isso pode parecer chocante e até mesmo lhe causar revolta, amigo leitor. Mas a verdade é que fazia coisas pensando nela. Não me recordo de todas as vezes que, ao me sentir excitado por estar pensando nela, tranquei-me no banheiro e me masturbei. Mas posso afirmar sem medo de exagerar que não foram poucas.
Claro que todo garoto na adolescência já fez isso pensando na namoradinha ou até mesmo numa garota da escola. Eu também fiz isso muitas vezes. Houve porém situações em que fui longe demais. Não me limitei tão somente a me masturbar enquanto me fantasiava com ela. Houve algumas vezes que cheguei até mesmo a fazer amor com minha namorada e imaginar que praticava tal ato com Diana. Sim, querido leitor! É a mais pura verdade!
Ao fazer tal confissão, posso estar me crucificando. Mas por que esconder isso? Não são minhas confissões que coloco nessas páginas? Então? Por que dizer a verdade pela metade? Se assim fosse, teria sido melhor não começar a dizê-las. Se eu cheguei até aqui, se essa caminhada já me custou tanto, por que mentir? Não! Essa nunca foi minha intenção, quando comecei. Se toda a minha vida não passou de uma grande mentira, que pelo menos dessa vez e nesse pouco tempo que me resta, a verdade esteja acima de qualquer coisa.
Não me importa o quanto isso possa me custar. Eu só quero uma vez estar com a consciência tranqüila. Nem que seja por pouco tempo, quero experimentar o mundo real. Eu só quero sentir o que é viver de verdade. Sei que não posso mudar o passado, mas que pelo menos o presente não seja uma fantasia.
Não quero me desculpar, amigo leitor! Será que ainda posso te chamar de amigo leitor? Contudo, peço que não me julgue com a mão de um carrasco. Errei!? Ah, sim! Errei muito. Não só dessa vez, como também em outros momentos da minha vida. Não sei se a culpa foi toda minha ou se as circunstâncias é quem me empurraram para ele. Mas de uma coisa eu tenho certeza: toda a minha vida foi uma grande mentira. E agora que ela está próxima do fim, eu só quero acabar com esse faz de conta; mesmo que este fim seja também o fim da vida.
É incrível! Tento lembrar dos momentos onde minha vida parece ter sido verdadeira. Mas não consigo me lembrar. Faço um esforço e, quando acho que encontrei, percebo que em algum momento também ali havia um quê de mentira. Sei que devem ter havido tais momentos, mas me acostumei tanto àquela vida de faz de conta que os momentos verdadeiros se perderam. É bem provável que muitos deles passaram despercebidos. Ou talvez não dei a mínima para eles.
Só quando estava com Diana eu fui verdadeiro. Com ela falei expus, mesmo que involuntariamente, minhas fraquezas. Só e somente com ela eu consegui deixar fluir meus sentimentos em toda a sua plenitude. Era por isso que nossas despedidas eram tão dolorosas e nos custava tão caro. Pois elas eram como o último caminhar do condenado em direção à execução.
E foi assim que me senti quando, mais uma vez tomei o ônibus de volta para casa.
Sabe daquelas lágrimas na estação rodoviária de Juiz de Fora que falei capítulos atrás? Pois novamente aquela cena se repetiu. Da mesma forma, na mesma seqüência e com a mesma intensidade. Como se eu estivesse vivendo aquele momento uma segunda vez. Ah, amigo leitor! Mal sabia eu que aquela cena iria se repetir muitas e muitas vezes, como se eu vivesse numa única vida o eterno retorno nietzschiniano.
Contudo, as conseqüências não foram a repetição da mesma cena. Foi o que aconteceu quando estava de volta em casa. Foi após aquele encontro que me tornei um homem que eu diria digno de censura e repreensão. Todos os sentimentos nobres, tudo o que de humano e decente em mim, parecia ter ficado em Juiz de Fora.
Não sei explicar o que mudou. Não, não sei mesmo! Todavia, em pouco tempo tornei-me pior do que já era. Tornei-me algo que nem mesmo sei explicar; algo que contribuiu consideravelmente para que eu acabasse desse jeito, para que eu virasse motivo de pena, para que eu despertasse não a raiva e o ódio nas pessoas, mas tão somente dó.
Não sei se essas confissões contribuirão para que as pessoas não sintam tanta pena de mim. Para que as pessoas, principalmente aquelas poucas que conviveram comigo, possam ver que não sou tão inútil assim. Que dentro desse corpo envelhecido mais pelas circunstâncias que pela idade há um ser humano que mereça pelo menos o ódio. Porque mesmo o ódio é um sentimento nobre, agora a pena é o que há de mais desprezível para aqueles que são motivos de tal sentimento.
Confesso que estou com medo. Nunca fiz tais confissões a quem quer que seja. As pessoas que por ventura tomaram conhecimentos só ficaram sabendo de uma parte. E as que se envolveram nos episódios, não devem ser julgadas. Se não fosse por minha culpa, por minhas atitudes, essas pessoas não teriam sido levadas a fazer o que fizeram. Além do mais, por mais condenável que nossos atos tenham sido, não fizemos de forma deliberativa. Na maioria das vezes, tanto eu quanto elas agimos por impulso.
Quero avisá-lo desde já, querido leitor, que não vou me ater a todos os fatos e nem a todos os detalhes. Quero apenas lhe mostrar que até os seres mais fracos, aqueles que parecem ser incapazes de fazer coisa alguma, muitas vezes fazem algo que custamos acreditar.
Não sei por onde começar. Mas quero me ater primeiramente aos fatos acontecidos após a minha volta de Juiz de Fora.
Para que você melhor compreenda os fatos a seguir deixe-me dar algumas explicações. Deixe-me falar sobre o meu trabalho.
Acho que já comentei anteriormente que meu pai era dono de alguns comércios aqui em Santos. Para administrar melhor as filiais, ele mantinha um escritório num outro endereço. Esse escritório ficava numa antiga casa não muito longe de nossa casa. Dava até para ir a pé, mas eu sempre pegava um ônibus ou ia de carro.
Quanto ao imóvel, era uma casa de dois quartos, uma cozinha e uma sala. Tanto os quartos quanto a sala foram transformados em escritório. Somente a cozinha continuava com a função original. Ao fundo ainda havia uma edícula em estado precário e que era mantida fechada o tempo todo, pois não era usada para nada.
Para que eu não me tornasse um vagabundo, como meu pai sempre dizia, eu trabalhava nesse escritório no período da tarde. E eu ocupava uma das salas.
Na verdade eu não fazia muita coisa. Verificava algumas notas fiscais, fazia uma lista dos fornecedores que tinham os melhores preços e repassava o responsável pelas compras. No mais, fica lendo, cochilando recostado à cadeira ou mesmo fazendo lição da escola. Quando dava mais ou menos cinco horas, eu ia para casa me arrumar para o colégio. Nessa época estava terminando o último ano do colegial.
Certo dia apareceu uma nova funcionária no escritório. E ao vê-la senti um desejo enorme de possuí-la. Não era exatamente paixão ou algo parecido. Foi um pensamento que surgiu ao acaso. De repente senti aquele desejo de fazer com ela o que eu não tinha coragem de fazer com minha namorada.
Se ela era bonita e atraente? Não! Era uma jovem de 16 anos, cabelos negros, olhos escuros, lábios grandes e grossos. Tinha um olhar um tanto misterioso. Lembro-me que era uma jovem magra, de rosto fino e seios pequenos. Suas mãos não eram bonitas. Usava uma roupa simples, deixando transparecer poucas condições financeiras. Aliás, a falta de cuidado com a aparência deixava bem evidente que vivia em extrema pobreza.
Seu nome era Fabiana. E pelo que fiquei sabendo, era filha de um funcionário de uma das lojas de meu pai. A menina foi contratada não por necessidade, mas a pedido do pai da jovem, que queria que a filha trabalhasse para ajudar na alimentação dos outros quatro irmãos.
Como eu previa, a menina era inocente e bobinha. De forma que não foi difícil conquistar seu coração. Em poucos dias ela já estava caidinha por mim.
Não me lembro ao certo como tudo realmente começou. Mas acho que foi numa festinha de aniversário. Alguém no escritório estava fazendo aniversário e resolvemos fazer uma comemoração após o expediente.
Lá pelo meio da festa, após alguns copos de cerveja, eu fui para o meu escritório e deixei a porta entreaberta. Na verdade, eu só queria ficar as sós por alguns momentos. E por surpresa minha, pouco depois de estar ali, ela entra na sala.
-- Cansou de beber? – perguntou me ela.
-- Não, não. É que o papo estava meio chato e resolvi ficar um pouco sozinho.
-- Então é melhor eu sair – disse Fabiana, dirigindo-se à porta.
-- Claro que não. Fica um pouco aqui comigo – pedi, enquanto dava a volta na mesa e segurava em seu braço.
Tudo aconteceu muito rápido. Só me lembro que encostei a porta, tomei-a nos braços e nos beijamos demoradamente. Ela não mostrou a menor objeção; pelo contrário, entregou-se feito uma menininha apaixonada. Ah! Como eu fiquei excitado! Só não a possui naquele instante para não assustá-la; pois eu já sabia que ela tinha caído nas minhas garras. Contudo, isso não evitou que eu a testasse. Minutos mais tarde, já cansado de beijá-la, escorreguei a mão por cima da blusa e apalpei um de seus seios. Ela não gostou muito e me chamou de safado.
Mas não me dei por vencido. Voltei a beijá-la mais algumas vezes. Disse lhe algumas palavras doces, dessas que toda menina espera ouvir de um rapaz apaixonado. Claro que só fiz isso para que ela acreditasse que meu interesse era algo sério.
Eu a fiz tomar mais uns dois ou três copos de cerveja. Isso a deixou bastante alterada. Podia-se notar em suas reações e na sua voz. De forma que resolvi testá-la mais uma vez.
Num certo momento, enquanto nos beijávamos pela enésima vez, fui escorregando lentamente a mão por baixo de sua blusa. Não sei se foi devido ao efeito da bebida, dessa vez porém ela não me mandou tirar a mão. Como eu tinha um objetivo, continuei pondo-o em prática. Enquanto ela não oferecesse resistência, eu não pararia. E mesmo quando ela resistisse, eu esperaria um pouco mais e tentaria novamente. Eu sabia que aos poucos ela ia cedendo.
Eu não era um homem experiente, mas era como se isso fizesse parte do instinto masculino. Os homens sempre sabem que para conseguir algo de uma mulher é só insistir. Elas não conseguem dizer não por muito tempo. Parece que elas têm aversão à persuasão. Desculpem-me se estou simplificando demais, mas as mulheres não resistem à pressão e à palavras de afeto. São como castelos de areia: desmoronam facilmente.
E foi baseando nisso que cheguei até onde era possível chegar naquele primeiro momento. Ela não ofereceu resistência quando levantei a blusa de descobri-lhe os seios. Ofereceu alguma quando eu os acariciei com os lábios e mordisquei-lhe o mamilo. E só resistiu com mais firmeza quando levei a mão no meio de suas pernas e comecei a acariciá-la por cima da calça jeans. Então eu percebi que havia atingido o seu limite.
Tanto é verdade que ela disse com convicção:
-- Chega! Você já foi longe demais. Vou me despedir do pessoal. Preciso ir para casa que já está ficando tarde.
Antes de partir de vez, ela ainda voltou à minha sala com a maquiagem retocada e me deu um último beijo e disse:
-- Tchau! Até amanhã!
-- Até amanhã – respondi. Enquanto ela virava as costas, não pude evitar que o seguinte pensamento me escapasse: “Sua putinha safada, você não faz idéia do que vou fazer contigo!”
Parece revoltante, querido leitor! Mas foi justamente isso que pensei. Ainda me recordo bem que me deu vontade de dizer isso na cara dela, de chamá-la de “putinha safada”. Mas eu não podia fazer isso. Se o fizesse, jogaria tudo por terra. Então que esperasse o melhor momento para dizer-lhe sem que ela se sentisse ofendida.
Não sei quantos dias precisei para atingir meus objetivos finais. Mas não foram muitos. Lembro-me que de vez em quando ela entrava na minha sala, encostava a porta, e nos atracávamos. Nos primeiros dias ela já não se importava mais que eu erguesse sua blusa ou abrisse os botões da camisa e mordiscasse seus seios. Depois ela parou de se esquivar quando minha mão a acariciava por cima da calça, no meio das pernas. Talvez temendo minhas ousadias, ela nunca ia para o trabalho de saia. Estava sempre de calça.
Teve um dia, acho que foi numa sexta-feira, pouco antes de encerrar o expediente, que dei um grande passo nos meus planos. Ela entrou na minha sala e trancou a porta. Eu já a aguardava. Eu sabia que ela nunca ia para casa sem se despedir de mim. Normalmente ele vinha, a gente ficava alguns minutos juntos e aí ela ia de vez. Então eu a tomei nos braços, disse-lhe que ia ficar morrendo de saudades dela no fim de semana, que ele ia ser muito chato por estarmos longe um do outro, e mais algumas coisas que não me lembro. Depois comecei a chupar seus seios e fazer-lhe outras carícias. Então peguei sua mão e a levei até meu teso falo. E a fiz apertá-lo por sobre a calça. E finalmente abri o zíper e introduzi a mão dela pela abertura para que ela o tocasse. Ela o fez. Mas aquilo a deixou abalada.
Num primeiro momento aquele gesto parece ter-lhe causado algum prazer, pois ela não só o segurou como também ficou apertando-o. Mas logo depois retirou a mão, Recompôs-se rapidamente e saiu meio que afetada da sala. Nem se despediu de mim.
Na segunda-feira ela voltou até mais bonita. Lembro-me que não só eu reparei como alguns colegas também fizeram comentários.
Apesar da minha discrição, ela não conseguia disfarçar sua fixação por mim. De forma que todos sabiam que ela estava encantada por mim, só não sabiam o que se passava entre a gente. Aos olhos de todos, eu não dava a mínima para ela.
Mas o que quero contar, querido leitor, foi como tirei a virgindade daquela inocente menina e o que se sucedeu depois. Pois o que meu causa vergonha foi o que aconteceu depois. Confesso que não vai ser fácil falar desses episódios. Tanto que relutei imensamente em contá-los. Durante mais de um mês, eu não consegui escrever nada. Sempre que eu sentava diante do computador para narrar esses acontecimentos, ficava reticente e ao mesmo tempo indeciso. Temia, como ainda temo, fazer tais confissões. É por isso, querido leitor, que se você está neste exato momento lendo minhas confissões é porque eu já não pertenço mais ao mundo dos vivos.
É provável que você tenha levado um choque. Como? Ele já não vive mais? Sim, querido leitor, meu corpo jaz em algum cemitério. Minha alma jaz no desconhecido. De mim sobrou tão somente algumas lembranças e esta narrativa que você está acompanhando.
Bem. Não vamos falar disso agora. Tudo tem o seu tempo.
Ainda preciso de um pouco mais de coragem, de ousadia para continuar. Ainda sinto que não estou preparado para o que vem a seguir. De forma que acho melhor parar um pouco, descansar, e, quando me sentir melhor, então continuar.
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