QUANDO O AMOR NÃO ACABA - capítulo XV
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Era evidente que eu me encheria dela em pouco tempo. Tentei adiar isso ao máximo. Quando por acaso não estava com a menor vontade de me encontrar com ela, criava empecilhos e arruma alguma desculpa. Fabiana, porém, não era tão boba assim. Ao querer ficar comigo e me entregar seu corpo, usava de métodos nada adequados a uma jovem de sua idade.
Lembro-me que certo dia – um sábado -- queria ir mais cedo para casa, pois tinha prometido a Luciana que a levaria ao motel. Portanto era melhor me manter em abstinência para não dar vexame na hora H. Sabia que minha namorada não se contentaria com um orgasmo. Mas Fabiana parecia adivinhar os motivos pelos quais eu pretendia sair mais cedo. De forma que deu um jeito de me convencer a sair mais tarde, depois do expediente.
Como ela conseguiu isso? Ah, querido leitor! O que as mulheres não conseguem de um homem quando elas sabem atingir-lhe o ponto mais fraco? E isso ela sabia usar com certa facilidade.
Durante a tarde ela entrou na minha sala, algumas vezes sem motivo algum, e, ao aproximar-se de mim, fazia algo para me atiçar o desejo. Numa oportunidade, ela se aproximava e erguia a camiseta e me oferecia os seios; noutra, achegava-se como quem não quer nada e pegava em meu falo por sobre a calça. E ainda havia momentos em que segurava em minha mão e a passava no meio de suas pernas sussurrando-me palavras obscenas. Eu tentava me manter indiferente àquelas investidas, mas, ao final do dia, isso já não me era possível.
Ela conseguiu me excitar. E eu vi aquilo como uma derrota. Ora bolas! Quem era ela para me dizer quando possui-la? Quem era aquela menina para me fazer transar com ela quando eu pretendia me resguardar para outra? Que direitos ela tinha de fazer isso comigo? Quando lhe dei tamanha ousadia para estragar minha noite de prazer com minha namorada? Não. Eu não ia deixar isso ficar assim. Era meu órgão sexual que ela queria? Então ela o teria. Mas de forma que não pudesse aproveitá-lo como pretendia. Nunca que, depois me seduzir, eu a deixaria transformá-lo no seu brinquedo. De forma alguma!
Assim, quando o último funcionário saiu, eu tranquei a porta. Os olhos de Fabiana brilhavam, seus lábios tinha uma cor mais viva e tudo nela denotava o quanto se rejubilava por ter me convencido a ficar até aquele horário. Ah, eu tinha certeza que ela via aquilo como uma vitória pessoal!
Eu juro, querido leitor, que não era culpa minha, mas havia um quê de ódio nos meus olhos. Eu não queria estar ali. Foi ela, usando de golpes baixos, que me convenceu a ficar. Lembro-me de virar em sua direção, ali na porta mesmo, abrir o zíper da calça, arrancar o teso falo para fora e perguntar:
-- É isso que você quer?
-- É, meu homem – respondeu ela, após retirar a camiseta.
-- Pois então você vai ter ele.
Aproximei-me dela e a arrastei até minha sala enquanto a beijava vorazmente.
Parei diante dela. Ela se apoiou na mesa. Primeiro, eu a despi; em seguida, desabotoei minha calça e a deixei cair. Então empurrei apressadamente a peça íntima até os joelhos. Fabiana continuava e me fitar.
Não sei o que passou na cabeça de Fabiana naquele curto espaço de tempo. Talvez ela achasse que fosse puxar a cadeira, sentar-me e depois sentá-la no meu colo; ou talvez ela deduzisse que fosse tomá-la nos braços e deitá-la delicadamente na mesa; ou ainda ela pode ter pensando que a abraçaria e a possuiria ali mesmo de pé. No entanto, tenho certeza que ela jamais imaginou o que eu tinha em mente.
O que fiz? Tenho até vergonha de dizer.
Assim que corri os olhos por aquele corpo nu, o desejo ardeu em meu sangue. Então, tomei-a nos braços e, enquanto nos beijávamos, minhas mãos acariciaram seus seios e a quente e úmida vulva. Em dado momento, ela pegou em meu falo, ajeitou-o no meio de suas pernas e me puxou de encontro ao seu corpo para que eu a penetrasse.
Aquele ato foi a gota d’água. Eu me senti como um brinquedo em suas mãos. Numa fração de segundo o prazer deu lugar ao ódio. E foi então que me desvencilhei dela, segurei em seus braços e a virei de frente para a mesa. Foi um movimento rápido. Não deu nem tempo dela pensar numa reação e dizer alguma coisa.
E para que não desse tempo dela reagir, levei a mão à sua nuca e empurrei para frente, fazendo com que ela se curvasse sobre a mesa. Em seguida, encostei por trás e penetrei-a profundamente na vulva úmida. Ela só soltou um gemido. Foi então que perguntei:
-- Não era isso que tu queria, sua vadia? – inquiri, movendo mais uma vez com violência os quadris pra trás e para frente. Ela não disse nada. – Pois agora você vai ter que agüentar – continuei.
Sentindo-o bastante úmido, retirei-o e penetrei-a no ânus. Ela contraiu os músculos e soltou um grito de dor. Aquilo porém não me comoveu. Ela quis se levantar, mas não deixei. Estava determinado a ir até o fim. Tanto que não dei ouvido aos seus clamores para que parasse. Na verdade, quanto mais ela gritava de dor, mais violento eu me tornava.
Finalmente perdi as forças. E ao recuperar a razão, tomei ciência de que acabara de cometer um ato vil. De forma que me senti envergonhado. Fabiana chorava convulsivamente curvada sobre a mesa.
Fui tomado por um remorso tão grande que tive vergonha de lhe dirigir a palavra. Desvencilhei-me de seu corpo e fui limpar as marcas de sangue em meu falo. Tal qual um marido arrependido por ter agredido a esposa, aguardei na outra sala que ela se arrumasse, pegasse suas coisas e fosse para casa.
Ah, querido leitor! Não me atire pedras! Peço-te que não me julgues. Ainda hoje, ao me lembrar desse episódio, sinto uma forte dor no peito, uma vergonha na alma. Sei que agi de forma escrupulosa, como um monstro, como se em meu sangue corresse seiva negra. Mas saiba que me arrependo imensamente desse ato vil e vergonhoso. Eu não deveria ter feito o que fiz. Também, por que ela insistiu tanto, se estava claro que eu não queria fazer nada naquele dia? Por que ela teve que me provocar?
Fico pensando se meu destino não foi um castigo pelas coisas ruins que cometi. Tenho plena consciência que agi dar forma mais escrupulosa com Fabiana. Brinquei com seus sentimentos, abusei de sua inocência, e até mesmo a violentei quando ela só queira amor, carinho e prazer. Mas o que posso fazer agora? Não há mais como consertar as coisas?
Imagino a dor que aquela pobre alma experimentou naquele dia. Ela deve ter ido para casa com o corpo e a alma dilacerados. Nunca tive coragem de lhe perguntar isso, contudo, tenho cá comigo que ela verteu lágrimas por toda noite. Hoje conheço a dor na alma melhor do que qualquer um e posso fazer uma vaga idéia de sua dor. No entanto, não sou capaz de avaliar com certeza o tamanho da dor em seu corpo. Pois tenho certeza que a machuquei e deixei-lhe marcas para o resto da vida.
Quanto a mim, esqueci-me dela por algumas horas.
Ao sair dali, fui até minha casa, tomei um bom banho e fui me encontrar com Luciana. Sabia que ela deveria estar apreensiva e até chateada com meu atraso.
Mas ao chegar em sua casa, ela estava com visitas. De forma que o nosso motel ficou para outro dia. Só não escapei de satisfazê-la. Depois que a amiga foi embora após o jantar, Luciana me arrastou até sua cama, livrou-se de suas roupas, despiu-me com carícias, como se aquilo fosse um jogo, e me entregou seu corpo.
Voltei para casa cansado, como se um vazio crescesse dentro de mim. Nem a presença daquelas duas mulheres era capaz de preenchê-lo. Eu não compreendia aquele estado, todavia tinha a sensação de que algo especial me faltava, algo que nem Luciana e nem Fabiana seriam capazes de me dar.
E quando deitei na cama e deixei meus pensamentos fluírem, foi a lembrança de Diana que foram buscar. Então pensei muito nela. Lembrei de nossos momentos de intensa felicidade, do mais completo contentamento. Mas depois lembrei de sua dor devido a minha ausência. Aí acabei transferindo para ela aquela sensação horrível que sentia no coração. Era como se o que estava sentindo fosse uma extensão de sua dor. E eu desejei muito estar com ela.
Ainda lembro que antes de adormecer, algumas gotas de lágrimas tornaram o travesseiro úmido e gelado.
Quanto a Fabiana praticamente não pensei nela no dia seguinte. Passei quase todo o domingo com Luciana. Fomos ao cinema, demos uma volta no shopping e à noite voltamos para sua casa. Deitados na sua cama, a gente fez amor mais uma vez. Só então, enquanto a possuía, lembrei-me de Fabiana. Foi só por alguns instantes. Entretanto, o gozo que se seguiu dissipou meus pensamentos e não voltei mais a pensar dela.
Somente na segunda-feira, pouco antes de chegar ao trabalho, é que lhe dediquei alguns minutos. Tentei imaginar como é que ela ia me receber. Com ódio e desprezo? Com indiferença? Ou teria deixado aquele incidente de lado e me ia receber como dos outros dias? Ah, não tinha a menor idéia! Mas não fazia diferença. No fundo, tanto uma coisa quanto outra dava na mesma. Era apenas uma garota com a qual eu gostava de me divertir. Se não me quisesse mais, azar o dela. Certamente outra aparecia. Quando se tem algum dinheiro há sempre garotas ingênuas e sonhadoras atrás de você. Foi o que pensei, antes de entrar no escritório.
Ela me recebeu com frieza e me ignorou por completo. Mas eu sabia que aquilo não passava de uma estratégia. Ela queria me atingir e me fazer ir atrás dela. Eu sabia disso. Então fiquei na minha, sala aguardando sua entrada para lhe pedir desculpas. Apesar de ter consciência do que tinha feito, não me sentia tão arrependido assim. Devia-lhe mais que desculpas evidentemente, contudo, aquele incidente me parecia mais como algo inconseqüente, coisa de uma perturbação momentânea.
Quando ela finalmente entrou na sala, jogou alguns papeis na minha mesa e principiou a sair. Agindo com rapidez, segurei em seu braço e a retive. Aproximei-me dela. Ele mantinha-se calada, séria e evitando me dirigir o olhar. Assim, tomei-a nos braços e lhe pedir desculpas. Em seguida, beijei-a carinhosamente nos lábios. Pouco-a-pouco ela afrouxou a guarda e em pouco tempo já se pendurava no meu pescoço. E assim o incidente caiu no esquecimento.
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