Corria o ano ded 1969, a chamada guerra fria era uma tormenta para o mundo inteiro. As então chamada potências mundiais competiam em todos os setores da vida, inclusive na corrida espacial para fazer cegar o homem ao nosso satélite. Nós estávamos na fazenda, localizada no quilometro quinze da estrada de Palmeirais, banhada pelo Rio Parnaíba. Acompanhávamos com vivo interesse o projeto estadunidense no qual procurariam fazer com que o homem pusesse os pés no solo lunar.O caçula estava com caxumba e a mãe, preocupada com a irrequieta criança chamou o filho da mulher que cuidava dos perus para contar estórias e mante-la entretida. E assim foi, por alguns dias o caçula se manteve quieto ouvindo as narrativas fantasiosas do seu pequeno cuidador que, por conseguinte, pelo menos para a mãe e para o filho era o protagonista. Naquela tarde de 20 de julho, voltávamos do centro de Teresina quando a notícia de que o homem havia chegdo à lua estourou como uma bomba, fazendo com que a conversa girasse inteiramente sobre aquele palpitante assunto.
Na fazenda, ao chegarmos, não se falava noutra coisa. O próprio caçula, entusiasmado, deixou de lado as estórias do cuidador.
Lembro-me bem como ele era, pelo parda, olhos esbugalhados, muito falante, sentiu-se esquecido de todos, inclusive pelo caçula, que já se integrara aos adultos conversando sobre o nosso satélite e a grande conquista da NASA.
Quando menos se esperava o cuidador mirim falou em voz alta: "Besteira este negócio de andar na lua, inda outro dia o compadre Zeca da Dona Doca montou num cavalo atrás de uma rês desimbestada, ele corria e a vaca corria muito mais, então, quando ele menos esperou já tina era passado da lua umas duas léguas.
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