A Ótica do Caos
Todo o aprendiz olha o sol e diz: aquece meu
corpo, dá-lhe de comer. E se não for pedir
demais, faz chegar junto o espírito da paz
Chega mais perto deste deserto
Chega com raios de cores distintas,
Mostra o poder mais nobre das tintas
A cor que nos chega da situação é falsa
Profana corpo e mente, contamina a semente
Rouba daquele ser a herança divina, celestial
Enxerta ali outros brotos que a tornem
Capaz de sobreviver nos esgotos
Brotos que não gostam de abraços
Que fogem do amor
Deliram em meio à dor
O prazer mudou de cor, serve a outro senhor
A lista dos desejos segue a ótica do ter
Prega dinheiro, sexo e poder
A corrupção dita a lição
Estudar fundo os manuais até encontrar
brechas que favoreçam a inversão
Impunidade para qualquer transgressão
Viver é lutar, sangrar até morrer, o leito
da morte são as sarjetas, os esgotos
Morrer ali rasgado por dentro e por fora
A bala que rasga a roupa, estraçalha o corpo
A ótica do caos triunfa,
fica forte, diante da morte.
Lita Moniz
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