EU ACOSTUMEI A OLHAR PARA AS ESTRELAS
Renato Ferraz
Meus olhos têm o hábito
de esperarem a noite chegar.
Após o crepúsculo quebrar
o ritmo acelerado do dia,
e a tarde começar a bocejar,
serão as estrelas que irão brilhar.
Esse costume de admirar o céu,
e a lua, e o sol e as estrelas
eu adquiri durante a infância.
A iluminação não ofuscava tanto o céu
e as estelas eram mais sedutoras.
Era como se nunca repetissem uma roupa,
cada noite vinham com um modelo novo.
Embora da mesma cor, mudavam apenas o tom, mas seu brilho aumentava.
As estrelas se vestem muito parecidas,
eu achava que elas eram gêmeas.
Mesmo assim, de tanto admirá-las,
eu tinha a impressão de que algumas
também já me conheciam.
Era somente de vista mesmo, já que moramos distante.
Encanta-me vê-las cintilando, alegres.
Mais uma vez me faz lembrar da infância,
brincando, se abaixando, pulando e sorrindo.
Quantas vezes, durante a madrugada,
com o sono relegado, atento ao movimento
do céu, eu vi cair uma estrela.
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