AQUELA NOITE
Renato Ferraz
Eu vi a tarde esmorecer, e a noite,
como quem não quer nada, se aproximar.
Enquanto ela desaparecia lentamente
em companhia do sol, tudo isso se passava
diante do registro do seu olhar.
Ele estava lá, o poeta estava lá.
Ele via, absorvia e anotava.
Concentrava-se naquela cena.
Garimpava o pensamento.
Seu intuito era a imaginação depurar.
Há dias que não escrevia, apenas lia.
No decorrer da noite sonhou fazendo um poema:
SERÁ DESSA VEZ?
Sabe o que andam dizendo por aí?
Que o mundo vai se acabar.
Antes que o fim comece por aqui,
a um encontro não poderei renunciar.
Ouvi dizer que ela também quer me ver.
Apesar da notícia ser ruim, se é que seja verdade,
vê-la irá me dar alegria.
Eu não acredito, mas e se acontecer?
Já passou algum tempo da última vez que a vi.
Como será essa nossa última conversa.
Estou curioso para ouvi-la, após tempo.
Quem sabe não tenhamos novidades
trazidas pelo sereno da madrugada,
Independente do fim do mundo.
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