INTIMIDADE COM O MAR
Renato Ferraz
O mar,
Quando eu o vejo,
muita coisa me faz lembrar.
Quantas vezes diante dele
me viu sofrer, me viu chorar.
E tantas outras; aliás, a maioria,
ao seu lado sorri, brinquei, me diverti e amei.
Lá onde nasci, no sertão, tinha rios
mas o mar, a gente só ouvia falar.
Falavam principalmente sobre sua importância
Para mim, cada fala aumentava minha curiosidade
Sobre os mistérios e todo aquele glamour.
Juntavam-se a isso as aulas de história geral,
as grandes navegações e suas descobertas.
Cada dia me fazia sonhar e eu não via a hora
Da gente se defrontar.
Eu me preparava para aquele encontro,
Confesso que tinha um pouco de medo
até que um dia, só Deus, meus pais e eu sabemos,
perto dele vim morar.
Foi minha primeira grande conquista da adolescência
Com o passar do tempo, eu o entendo mais.
À tarde, é um dos seus momentos de maior beleza
que eu mais o admiro. Eu o sinto mais à vontade.
Acalma-me, ver o mar. Sinto-me livre para pensar.
Ele me ouve, se eu precisar.
Observá-lo atentamente, me faz ver quão poderoso ele é,
e tão simples também.
Por mais que ele pareça igual, ora seus olhos ficam azuis,
ora ficam verdes.
Há momentos em que ele está sereno, outras, mais descontraído.
Tenho o hábito de abrir os braços quando o vejo.
E ele responde com um sorriso para mim.
Com aquele seu jeito singular de rir, damos aquele abraço!
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