Por incrível que pareça, só mesmo pela fé, ainda hoje há muitos que persistem em dizer que o universo tem apenas seis mil anos. Para isso, lançam dúvida sobre os métodos de datação por elementos radiativos, fazendo de pequenos erros possíveis a pretensa prova de que os bilhões de anos não sejam mais que seis mil anos de existência de todas as coisas. Todavia, não há nada melhor para provar que o universo é muito mais antigo do que diz a Bíblia e as religiões do que as lentes telescópicas.
No meu tempo de criança, olhando de uma montanha, cerca de uns quatrocentos metros de distância, eu via meu pai cortando madeira. Eu ouvia o som da machadada após ele erguer o machado para o próximo golpe. Sem saber da existência da física, eu fiz uma dedução: os sons dependem de tempo para chegar aos nossos ouvidos. Eu não podia estar errado, só não tinha idéia de qual a velocidade do som. Todavia nem me passava pela cabeça que o que eu via também era reflexo de luz, que depende de tempo para chegar aos meus olhos, só que com uma velocidade muito maior.
Muitos anos depois, ao pegar um livro de física e ler sobre o som e a luz, fiquei sabendo que o som viaja a uma velocidade de 340 metros por segundo, e a luz o faz a trezentos mil quilômetros por segundo. Então, verifiquei que minha dedução estava certa; que, embora a imagem que vemos dependa também de tempo, esse tempo é imperceptível e insignificante a pequena distância.
Foi muito simples entender que quando olhamos para o Sol, nós o vemos com mais de oito minutos de atraso. Fiquei conhecendo também a medida do ano-luz. Calculando que um ano tem aproximadamente trinta e um milhões e quinhentos e trinta e seis mil segundos, o ano-luz, distância que a luz percorrem em um ano, é de aproximadamente nove trilhões quatrocentos e sessenta bilhões oitocentos milhões e trezentos mil quilômetros. Uma distância para ninguém correr mesmo. Mas o livro não dizia até que distância em anos-luz o homem era capaz de enxergar alguma coisa. Então eu nem poderia imaginar que isso lançaria luz sobre a idade do mundo, que eu acreditava ter menos de seis mil anos.
Fiz supletivo do primeiro grau. Posteriormente fiz um concurso público e acabei fazendo parte de um grupo constituído quase cem por cento de pessoas de segundo e terceiro grau, alguns até com dois ou três cursos superiores. O único funcionário de primeiro grau a exercer o cargo que foi concorrido por milhares de pessoas muitas delas bacharéis em Letras, Direito e outras ciências humanas, decidi fazer o segundo grau, que fiz também por supletivo, e posteriormente fiz o curso de Direito.
No segundo grau, estudei Física por apenas três meses, algumas vezes questionando o professor, que não dava respostas bem convincentes. Não fiquei, portanto, bem entendido na matéria. Mas, o dia-a-dia passou a me esclarecer algumas coisas que não aprendi na escola.
Atualmente, com os incontáveis artigos que aparecem informando que um ou outro cientista descobriu algo em uma galáxia a tantos milhões ou bilhões de anos-luz, imagino: se o universo tivesse apenas seis mil anos isso seria simplesmente impossível. Se daqui ao sol vemos o que ocorreu oito minutos antes do momento em que olhamos, quando a lente de um telescópio nos mostrar algo a um milhão de anos-luz, só podemos estar vendo algo que existia há um milhão de anos.
Pela análise tão simples acima, não é necessário o auxílio do carbono 14 nem de outro método de datação para provar que o mundo não tem só seis mil anos:
SE O UNIVERSO TIVESSE APENAS SEIS MIL ANOS DE EXISTÊNCIA,
A VISÃO TELESCÓPICA SÓ PODERIA ALCANÇAR A DISTÂNCIA DE SEIS MIL ANOS-LUZ.
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