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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->ADEUS À INOCÊNCIA - CAP. 73 -- 05/02/2016 - 13:34 (Edmar Guedes Corrêa****) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ADEUS À INOCÊNCIA - CAP. 73

ÍNDICE
Capítulo(01) Capítulo(02) Capítulo(03) Capítulo(04) Capítulo(05) Capítulo(06) Capítulo(07) Capítulo(08) Capítulo(09) Capítulo(10) Capítulo(11) Capítulo(12) Capítulo(13) Capítulo(14) Capítulo(15) Capítulo(16) Capítulo(17) Capítulo(18) Capítulo(19) Capítulo(20) Capítulo(21) Capítulo(22) Capítulo(23) Capítulo(24) Capítulo(25) Capítulo(26) Capítulo(27) Capítulo(28) Capítulo(29) Capítulo(30) Capítulo(31) Capítulo(32) Capítulo(33) Capítulo(34) Capítulo(35) Capítulo(36) Capítulo(37) Capítulo(38) Capítulo(39) Capítulo(40) Capítulo(41) Capítulo(42) Capítulo(43) Capítulo(44) Capítulo(45) Capítulo(46) Capítulo(47) Capítulo(48) Capítulo(49) Capítulo(50) Capítulo(51) Capítulo(52) Capítulo(53) Capítulo(54) Capítulo(55) Capítulo(56) Capítulo(57) Capítulo(58) Capítulo(59) Capítulo(60) Capítulo(61) Capítulo(62) Capítulo(63) Capítulo(64) Capítulo(65) Capítulo(66) Capítulo(67) Capítulo(68) Capítulo(69) Capítulo(70) Capítulo(71) Capítulo(72)

As meninas retornaram pouco depois de eu e Luciana ter retornado do banho, para tirar os vestígios da transa; principalmente ela que, ao receber o meu sêmen em suas entranhas, retém apenas uma milésima parte, deixando o restante escorrer, através da vulva, pelas coxas.
-- Foram tomar banho? -- indagou Ana Paula, ao nos ver com a água ainda a escorrer pelo corpo.
Traziam bambus e um maço de cipó.
-- Entrei na água pra pegá os peixes e fiquei todo molhado – menti.
-- E ela também? -- insistiu. Só então me dei conta de que minha mentira tinha perna cura. A inexperiência e a pouca idade na mais das vezes não nos permite atentar aos detalhes, tornando nossas mentiras facilmente descobertas.
-- Não. Entrei na água para tomar banho mesmo! Por quê? Algum problema? -- perguntou Luciana em tom desafiador. Aliás, numa atitude atípica, foi condescendente comigo; pois poderia ter me desmentido e falado o verdadeiro motivo pelo qual fomos nos banhar.
-- Não – respondeu minha prima, fitando-me com olhos faiscantes, como se tomada por grande ódio.
Vi em seus olhos desconfiados o quanto não acreditara em mim. Talvez, por conhecer a verdade sobre mim e Luciana, soubesse que aquele banho fora para ocultar outra coisa; até porque eu e ela fizemos isso depois de transarmos justamente para ocultar nosso crime. Não posso afirmar o que lhe passou pela cabeça naquele instante, mas a certeza de eu ter transado com Luciana foi a mais importante delas.
Fez-se um breve silêncio.
-- Olha o que a gente trouxe – disse Marcela, pegando um dos bambus e o levantando. -- Eu estive pensando e até comentei com Ana Paula lá em cima. Com eles, a gente pode fazer um monte de coisas. Não só espeto pra assar carne. Dá até pra fazer cadeiras, mesas, alguns vasilhames e até construir uma parede mais resistente. Tem gente que faz casas de bambus. Eles são bastante flexíveis e práticos. A gente vai poder melhorar nossa vida aqui – continuou ela com entusiasmo, como se todos os nossos problemas tivessem chegado ao fim.
-- E dá mesmo – concordou Ana Paula. -- Lá em casa, na varanda, tinha uma mesa e umas cadeiras que eram feitas de bambu.
-- E tem mesmo – confirmei, lembrando de ter por mais de uma vez sentado numa daquelas cadeiras na última vez em que estive na casa de minha prima justamente para brincar com ela de jogar baralho. -- E os bambus eram amarrados com cipó – conclui.
Mais uma vez me veio à memória a imagem daquela mesa quadrada, sobre a qual jazia um grande vidro. Embora eu nunca tenha reparado naquela mobília com atenção, a imagem dos cipós ou algo parecido trançado em cada uma dos bambus, provavelmente para mantê-los fixos, formou-se diante dos meus olhos.
-- Como vocês são ingênuos! -- interrompeu Luciana. -- Vocês acham que é fácil fazer cadeiras e mesas de bambu? É preciso ferramentas e uma pessoa muito experiente, que saiba como amarrar eles corretamente. E também é preciso de cola de madeira. Não temos nada disso aqui. Então a gente nunca vai conseguir fazer nada disso.
-- Claro que vamos – discordou Ana Paula. -- Ocê que fica aí, contra tudo que a gente quer fazê. Até parece que quer que a gente viva como bicho do mato.
Embora minha prima estivesse com razão, a discordância entre ela e Luciana se resumia no fato de uma não suportar a outra. Tudo entre as duas era motivo de confronto, de rixa, de uma querer diminuir a outra como se estivessem sempre numa disputa. Talvez porque no fundo elas tivessem mais em comum do que seriam capazes de admitir.
-- Até que seria bom mesmo! Assim a gente não ficava se preocupando com tantas coisas.
-- E viveríamos como? Como os animais? -- interpolou Marcela, que até então procurava se manter distante daquele embate.
-- Exatamente. Não seria tão bom? Não ter nada com o que se preocupar? As pessoas preocupam demais com suas vidas, com o seu bem-estar, com detalhes insignificante e esquecem de viver. Pra que tudo isso? Mais cedo ou mais tarde vamos morrer de qualquer jeito. Não tem como escapar disso. Então que se dane tudo e todos. Viver o hoje, o agora é o que importa.
-- E você acha que conseguiremos viver como um bicho solto na natureza? -- insistiu Marcela, indagando-a com um certo ar de confronto, como se também ela quisesse desafiar a outra.
Sem saber como opinar e temendo que minhas palavras pudessem despertar a ira de Luciana contra todos nós ali, eu apenas assistia aquele embate, pronto para intervir caso fosse necessário.
-- Por que não? A gente só precisa se preocupar em comer e mais nada.
-- Isso até poderia ser possível, se a gente não estivesse acostumado a ter tudo. Olha só como a gente sente falta daquele conforto que a gente tinha em casa.
-- Eu não sinto – interrompeu Luciana.
-- Até parece. Quando se acostuma ao conforto, a gente faz qualquer sacrifício para mantê-lo. Por mais que estejamos numa condição adversa, ainda sim vamos procurar fazer de tudo para resgatar a vida que a gente levava antes. É o que estamos fazendo aqui. Nunca que conseguiriam viver como animais. O mando deles não é o nosso, a vida selvagem não nos pertence mais. Não podemos voltar a esse estado primitivo. Evoluímos – disse Marcela, num tom filosófico, mostrando porque ela era a mais inteligente dentre nós todos.
-- Quando não tem outro jeito, a gente acaba se adaptando – retrucou Luciana.
– De fato. Mas procuramos todos os meios de adaptar o ambiente a nós e não nós a ele – afirmou Marcela.
Nisso, aproximei da lâmina de aço que Luciana achara mais cedo, a qual jazia recostada no canto da cabana, do outro lado da fogueira, e pegando-a disse:
-- Olha o que a Luciana achou enquanto eu pescava. Vejam que bela chapa. Vai dar pra gente fazer um monte de coisas com ela.
Marcela e Ana Paula aproximaram e passaram a examinar a peça de aço inoxidável. Ana Paula examinou-a por alguns segundos, apenas por curiosidade, e depois perdeu o interesse. Marcela por sua vez fez questão de pegá-la, levantá-la e virá-la para um lado e para outro como um torneiro que examina o material para decidir como aproveitá-lo ao máximo.
-- Dá pra fazer um monte de coisas – deixou escapar depois de algum tempo.
-- Também acho – respondi.
Ela continuava a examinar a lâmina.
-- Dá pra fazer uma faca e outras ferramentas também – deixei escapar.
-- É verdade – concordou ela. -- Essa ponta aqui já é suficiente pra duas facas. E do resto a gente pode fazer uma concha e até uma panela pequena. Isso ia ajudar muito.
-- Acho que uma faca já é suficiente. A gente já tem uma de pedra e ela quebra um galho. A gente pode tentá fazer umas canecas. Ia ficar mais fácil para beber as coisas. Na casca de coco fica meio esquisito – opinou Ana Paula.
-- Por mim vocês fazem o que quiserem. Não entendo nada dessas coisas de ferramentas, utensílios e coisas assim. Mas já que vocês querem melhor a nossa vida aqui. Ainda mais que não tenho dúvida de que vamos passar o resto da vida aqui, seria melhor a gente fazer um serrote também. Vai ser útil para construir uma casa decente.
-- De fato isso ia ser bem útil – concordei.
-- Só que pra fazer um serrote a gente teria que ter outras ferramentas, com uma serra capaz de cortar com precisão essa chapa, fazendo dentes nela. E não temos tais ferramentas. Portanto isso não vai ser possível – explicou Marcela, contrariando a outra embora não me parecesse que esta fosse sua intenção.
Novamente o silêncio se apresentou. Deixando-nos ocupados com os nossos pensamentos por alguns instantes.
-- O melhor que a gente faz é não ter pressa. Temos que pensar muito bem e tentar usar essa chapa da melhor forma possível – disse Marcela. -- Tô vendo aqueles peixes ali. Que tal a gente limpar eles e comer. Já estou ficando com fome.
De acordo, as meninas foram limpá-los e eu me comprometi nesse ínterim a cortar um pedaço do bambu e fazer umas varetas para assarmos aqueles peixes.
Confesso que não foi uma tarefa fácil. Como só dispunha do machado e da faca de pedra, o trabalho foi massante. Por mais de uma vez cheguei a me cortar. E por pouco não desisti. Jamais imaginei que seria tão difícil fazer um espeto de churrasco. Preferia mil vezes pescar ou caçar do que executar aquela tarefa. Mas foi bom eu sentir essa dificuldade, pois assim pude ver com mais clareza o quanto uma faca fazia falta. Aliás, também vi o quanto Marcela estava certa. Talvez só uma faca não fosse suficiente. Por ser uma ferramenta indispensável na maioria das tarefas, deveríamos nos ater a fabricar mais de uma. De mais a mais, aquela lâmina era grande o bastante para a confecção de várias. A gente só precisava ver quais eram de fato as prioridades e então focar nelas. O resto seria feito se por ventura fosse encontrado mais algum pedaço de metal, o que não me parecia impossível, levando em conta que muitas coisas chegavam àquela ilha.
Assamos os peixes e mais uma vez se falou na necessidade de extrair sal. Prometi recolher algumas carcaças de cocos e tentar aproveitar algumas delas, enchendo-as de água e deixando ao sol para a água evaporar.
-- Vai ser uma quantidade muito pequena que vai ficar no fundo, mas se a gente fizer isso várias vezes vai dar bastante. E a gente nem precisa de muito. Só um pouquinho já é suficiente para melhorar o gosto – explicou Marcela.
Falou-se acerca dos usos do sal nos mais variados pratos, de como poderia deixar a carne mais saborosa e de como poderíamos incorporar verduras e legumes à alimentação, quando dispuséssemos de utensílios para cozinhá-los e refogá-los. Questionou-se a ausência de legumes e vegetais comestíveis naquela pequena ilha, mas Marcela, sempre ela, disse que alguma coisa seria achado, já que havia uma mata e um pequeno brejo. Lembro-me de ouvi-la afirmar:
-- O que comer a gente acaba achando. O problema vai ser como preparar. Mas diante da incerteza de quanto tempo ficaremos aqui, temos de nos preparar para tudo.
Essas palavras aliás, nos levaram a questionar mais uma vez a nossa duração naquela ilha. E como já ocorrera antes por mais de uma vez, Ana Paula insistiu na partida para muito breve enquanto Luciana, por outro lado, proferiu a nossa estadia ali para o resto da vida. De uma forma dura e pessimista, como ela costumava fazer, disse:
-- Nunca mais vamos voltar, nem ver nossos pais e ter contato com o mundo civilizado. Entenda isso de uma vez. Estamos pressos aqui pra sempre. Por isso devemos viver de acordo com a nossa consciência, sem se preocupar com o que vai nos acontecer. É isso que venho fazendo. E vocês também deveriam fazer o mesmo. Esquecem o nosso passado. Ele não volta e não podemos mudar ele. Assim a gente sofre menos.
Questionei-a, como já tinha feito antes, de que aquela ilha não era desconhecida. E portanto, mais dia menos dia, alguém apareceria ali. Marcela e principalmente Ana Paula concordaram comigo. Luciana, demonstrando todo o seu pessimismo, tornou a afirmar:
-- Essa é uma possibilidade com a qual eu não contaria. Se fosse uma ilha maior talvez. Mas é muito pequena. Quem ia perder seu tempo saindo de barco para parar numa ilha que não tem nada? Há tantas ilhas mais interessantes por aí. Aqui seria o último lugar que viriam. E a gente nem sabe onde estamos. Se a gente estiver muto, mas muito longe mesmo da costa? Aí é que não vai aparecer mesmo! Porque em alto-mar só os navios e barcos muito grandes conseguem navegar. E a chance de um deles aparecer aqui é quase nula.
Havia um quê de verdade em suas palavras, o que nos desanimou por algum tempo. Mas quando acabamos de comer e então decidimos, por iniciativa de minha prima, tomar um banho de mar, deixamos a tristeza de lado.
Após algumas brincadeiras, Marcela voltou a falar sobre a lâmina de aço. Disse que esteve pensando e concordava com Luciana de que o melhor a fazer era usá-la para a fabricação de ferramentas que nos fossem realmente úteis.
-- Há muita madeira aqui. Se tiver como cortar e dar forma, a gente pode fabricar muita coisa – disse ela, olhando para cada um de nós.
-- Talvez ocê esteja certa – deixei escapar, querendo mostrar que estava disposto a concordar com ela em tudo.
-- Eu não acredito que a gente ainda vá ficar aqui por muito mais tempo, mas talvez isso aconteça. Luciana pode está certa – disse Marcela. -- Acho que ainda vai demorar muito até aparecer alguém. O melhor que temos de fazer é melhorar nossa vida.
Mais uma vez dei-lhe razão. Dessa vez, fui seguido por Ana Paula. Luciana por sua vez, fez questão de exaltar suas propostas.
Embora nada tenha sido decidido, ficamos de avaliar melhor o que fazer antes de sair cortando aquela chapa, até porque eu não fazia a menor ideia de como isso seria feito.


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