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Ana Paula apareceu logo depois. Provavelmente viera atrás de mim assim que me viu sair correndo. Sentou ao meu lado e me abraçou em silêncio, como se não soubesse o que dizer. Mas, após alguns instantes, disse:
-- Num fica assim, primo. Ela só fez isso pra Marcela ficá com raiva d’ocê. Ela quer semear a discórdia ente a gente. Ela faz isso desde o primeiro dia.
-- Eu sei. Mas ela não tinha esse direito – falei, enxugando as lágrimas com as costas da mão, feito um garotinho bobo. -- Ela morre de ciúmes de você e da Marcela.
Minha prima, aproximou os lábios e me beijou no rosto. Em seguida afirmou:
-- Mas num vâmo deixá ela separá a gente. Ela é uma só e nós somos três. Marcela sabe que ele num presta, que é uma cobra traiçoeira. Já falei isso pra ela um montão de vezes. E ela disse que já tinha percebido.
-- Eu sei. Mas ela vai saber tudo o que eu fiz com a Luciana. Ela vai pensar que eu não gosto mais dela.
-- Não, num vai não! A gente tava falando isso mais cedo. Eu disse pra ela que a Luciana tava te obrigando a andá com ela, contra a sua vontade. Ela quis saber o que eu sabia. Num contei tudo. Isso quem tem que contá é ocê. Só disse pra ela que a Luciana tava fazendo de tudo pra separá ocêis dois. Aí ela quis saber porque ocê aceitava isso. Eu disse que era porque ela tava te ameaçando, dizendo que se num obedecesse ela, ela ia me machucá.
Eu me senti confortado com aquelas palavras. Pelo menos havia uma pequena chance de Marcela ver que fiz o que fiz porque fui coagido. Por isso as lágrimas desapareceram dos meus olhos, e por alguns instantes, voltei a imaginar Marcela nos meus braços, trocando carícias, beijos e juras de amor, como se nada tivesse acontecido.
-- Mas agora é diferente. Luciana tá grávida. E ela disse bem claro que transou comigo várias vezes. A Marcela não vai aceitar isso.
-- Por que não? Eu num aceitei? Eu sei que a culpa num é sua. Ela também vai entendê – disse Ana Paula, apoiando a mão na areia e movimentando-se para o lado até ficar de cócoras diante de mim.
-- Ah, mas você é minha prima. É mais fácil pra você.
-- É que eu gosto d’ocê, do que a gente faz. Eu num gosto dela, mas num é por causa disso. Eu já num gostava desde o primeiro dia, quando a gente brigou. Lembra?
-- Lembro. Ela te acusou de jogar areia nela. -- Aliás, tive de apartar vocês duas para que uma não machucasse a outra.
-- Mas foi sem querer. Foi dali que passei a num gostá dela.
Embora eu procurasse manter os meus olhos nos dela, não pude evitar a curiosidade de abaixá-los e corrê-los dorso abaixo, até o meio das pernas. E confesso ter sentido imenso prazer em olhá-la ali e reparar nos traços superiores da vulva, já que o fato dela estar de cócoras, o meu ângulo de visão não permitia ver muita coisa. Mas eu sabia o que havia ali. E a imaginação e a lembrança daquela vulva que eu conhecia, completou o que faltava. Por pouco não agi por impulso e levei-lhe a mão abaixo do pequeno e ainda ralo monte de pelos.
-- Acho que ela já tinha tudo planejado – deixei escapar, para evitar que no silêncio ela se levantasse, pois na realidade não lhe prestara atenção nas palavras. Meus pensamentos, embora tenham durado poucos segundos, remetiam à lembrança dos momentos em que fizera amor, não muito longe dali, da última vez. Não me recordo do que se passou em meus devaneios, contudo, lembro-me de exclamar: “Foi muito gostoso! Queria fazer de novo.”
-- É bem capaz. Mas também isso num importa agora – disse Ana Paula, levantando-se. -- Vamos voltá e contá pra Marcela a verdade, o que aquela vadia andô fazendo. -- Ela estendeu-me a mão e me ajudou a me levantar. -- Ela vai tê o que merece.
Concordei.
-- Eu vô te ajudá. Vô confirmar tudo. Ela vai vê. A gente vai desmascará ela, num vai?
Assenti.
Ana Paula parou diante de mim, deu um largo sorriso e estendeu os braços para me abraçar. Dei um passo adiante e a abracei. Ela encostou a cabeça nos meus peitos, já que era alguns centímetros mais baixa do que eu, e, após um suspiro, exclamou:
-- A gente vai protegê um ao outro. Eu só tenho ocê aqui. Por isso, vô acabá com a raça dela. E se precisá, mato aquela puta – ameaçou e me apertou em seus braços. Em seguida, levantou a cabeça, olhou-me nos olhos e aproximou os lábios dos meus.
Sem saber como reagir, deixei-a me beijar. E aquele beijo e o corpo nu colado ao meu, despertou-me sensações difíceis de dominar. E essas sensações que pareciam assim de repente, vindo não dei de onde, levaram-me o falo a dar solavancos, como se uma mão invisível o movimentasse. E ao se agitar, ganhava rigidez. Como fruto dessas sensações, nasceu a vontade de instigá-las, de torná-las mais intensas. Por isso, minhas mãos procuraram-lhe as nádegas e as apertaram.
Ana Paula percebeu as minhas reações e, desvincilhando-se e dando um passo para trás, declarou:
-- Agora não. Eu ia adorá. Porque é muito gostoso. Mas a gente precisa voltá. As duas podem tá brigando lá. -- Nisso, ela deu mais um passo para trás e curvou para frente, pegando-me no falo que crescia. -- Num é, coisa gostosa? -- Mexeu nele, o que fez com que reagisse mais rápido. -- Nossa! Tá crescendo rápido.
-- Você tem razão – respondi. -- É melhor a gente voltar. Luciana é capaz de qualquer coisa para tirar vocês do caminho dela – Então dei um passo para frente e, assim como ela tinha feito pouco antes, levei-lhe a mão no meio das pernas e, tocando-lhe a vulva, deixei escapar: -- depois de resolver isso, vou te trazer aqui e aí a gente brinca um pouco, pra tu gozá -- Foi um ato espontâneo, sem a intenção de excitá-la ou levá-la a concordar em se deitar comigo ali.
-- Safado! -- disse ela, virando.
Eu já estava excitado. Então agarrei-a e abraçando-a por trás, levei-lhe o falo no meio das nádegas e, aproximando-lhe os lábios do ouvido, confessei-lhe:
-- Te amo! -- falei, sem me dar conta do significado daquelas palavras.
-- Sério? -- exclamou, colando o rosto no meu.
Minhas mãos subiram-lhe pelo dorso até os pequeninos seios. Então os apertei, os dois ao mesmo tempo, antes de confirmar:
-- Sério! -- confirmei, querendo inconsciente agradá-la a fim de obter o benefício de deu corpo.
Nisso meu falo já estava no meio das pernas dela, indo e vindo.
-- Para, vai! A gente precisa voltá logo – Ela tentou se desvincilhar, mas eu a segurava firmemente. Na realidade eu não tinha mais controle sobre meus atos e não seria capaz de parar, mesmo sabendo que algo muito sério talvez estivesse acontecendo na Cabana. Embora eu amasse Marcela, os meus sentimentos para com ela não tinha forças para conter os impulsos que me dominavam naquele instante, os quais me deixavam fora de si.
-- Mas eu não posso voltar com ele assim – exclamei.
-- Ora, faz ele ficá pequeno de novo!
-- Mas num dá! Num consigo. Ele só fica depois da gente fazer aquilo.
-- Aquilo? Se ocê enfiá em mim?
-- É – menti. Quer dizer: menti em parte. Embora meu falo poderia voltar a flacidez sem o coito ou a masturbação, isso muito provavelmente só aconteceria depois de longos minutos, como acontece com a maioria dos homens, principalmente com garotos e rapazes, nos quais o excitamento não só é maior como também mais duradouro. Como eu não dispunha de todo esse tempo, restavam-me três opções: ou me masturbava, ou transava com Ana Paula, ou voltaria daquele jeito para a cabana, o que poderia levar Luciana e Marcela pensar sabe-se lá o quê. Das três opções, eu já tinha optado pela segunda. Não de forma consciente, mas porque era a capaz de me proporcionar mais prazer e a qual todo homem busca quando chega a esse estado. -- Então me solta.
Ana Paula sentou na areia e tombou para trás.
-- Vem então.
Deitei sobre ela. Ela abriu as pernas e a penetrei imediatamente. Senti-a lubrificada.
O ato foi rápido, coisa de um minuto ou dois.
Não digo que fiz com minha prima o mesmo que teria feito com uma prostituta porque, em primeiro lugar, ela não era uma profissional do sexo; em segundo, porque houve uma troca de carícias e beijos. Embora tudo tenha sido tão rápido, meus lábios encontraram tempo de deslisar por aqueles projetos de seios e morder levemente aqueles dois botões.
-- Vai! Sai de cima – disse ela, tentado me empurrar para o lado. -- Vâmo se lavá e voltá correndo.
Não disse palavra. Apenas fiz como ela pedira. Corremos até o mar e com a água até a canela, nos agachamos e removemos as marcas daquele ato. Ana Paula foi a primeira a sair da água.
-- Vem! Vâmo voltá correndo.
Corri atrás dela e a apanhei uns dez metros depois.
-- E depois? O que a gente vai fazer? -- perguntei.
-- Depois de quê?
-- Se a Marcela me perdoar, vou querer ficar com ela. Você não vai ficar com raiva?
-- Eu não. Ela é minha amiga. E ela vai tê que te dividi comigo.
-- Mas ela não pode saber que a gente…
-- Por que não? -- interrompeu-me. -- Ocê acha quela pode ficá com raiva de mim?
-- Acho. E é melhor você não contar nada por enquanto. Depois a gente vê como a gente pode resolver isso.
Por uns instantes ela ficou calada, reflexiva. Já estávamos chegando na cabana, por isso preferi diminuir o passo, principalmente depois de ver Marcela do lado de fora, sentada num monte de areia, abraçando as peras e a cabeça sobre os joelhos. Embora não me fosse possível ver o que se passava, não me foi difícil deduzir que estava triste; talvez até chorasse.
-- Então num vô contá nada.
Levei-lhe a mão à cintura e disse-lhe mais uma vez:
-- Te amo, minha prima linda!
Ana Pula virou o rosto e, sorrindo, disse que também me amava.
-- Mas ocê ama ela diferente, num ama?
-- Amo.
-- Num tem problema. Num vou ficá com ciúmes dela.
Aproximamos.
Ana Paula parou diante de Marcela e, como fizera comigo, agachou diante dela. Nisso, Marcela levantou a cabeça com os olhos vermelhos, dos quais as lágrimas desciam pelo nariz, indo se perder entre os lábios.
Vê-la naquele estado, entrei em desespero. Um ódio gigantesco tomou conta de mim e a minha vontade foi ir atrás de Luciana, estivesse ela onde estivesse, e, quando a encontrasse, espancá-la até a morte. Houve oportunidades em que pensei em matá-la, mas nunca com a convicção daquele momento.
Entrei na cabana. Estava disposto a pegar o machado e partir-lhe a cabeça. Por sorte ela não estava. Contudo, o machado jazia num dos cantos. Peguei-o e voltando a sair, perguntei:
-- Quede aquela cadela? Vou matar ela, antes que ela faz a gente mantar uns aos outros.
-- Não. Não faça isso! -- exclamou Marcela, entendendo-me a mão. -- Se você fizer, nunca mais olho na tua cara – ameaçou, levantando-se e segurando-me o braço. -- Deixa ela pra lá. A culpa não é só dela.
-- Claro que é – socorreu minha prima.
-- Se ele não tivesse permitido, isso não teria acontecido – Marcela levou a outra mão ao rosto e enxugou as lágrimas.
-- Mas ela me obrigou – falei.
-- É verdade! Ela obrigou o Sílvio a fazer.
-- Mentira. Ninguém obriga ninguém a fazer essas coisas. Se ele não quisesse, esse troço não ficava duro e ela não podia fazer nada – disse, apontando para o meio de minhas pernas -- E por que razão ela ia te obrigar?
-- Porque ela disse que se eu não fizesse ia te machucar e a Ana Paula também – respondi.
-- E por que ela faria isso?
Contei-lhe toda a história. Ana Paula procurava não só confirmar minhas palavras como também usava a memória para exemplificar as situações em que ela e Luciana chegaram a agredir uma a outra. Embora minha prima não tenha me contado, talvez porque fosse mentira e ela só estava inventando aquilo para me ajudar, disse que Luciana lhe afirmara mais de uma vez que odiava Marcela e só não fazia nada com ela porque senão eu deixaria de fazer o que ela mandava. Confirmei cada palavra. Por fim, já mais calma, Marcela disse:
-- Vamos esperar ela voltar. Quero ver se ela vai ter coragem de confirmar tudo isso.
-- Falsa do jeito que ela é? É capaz de negar, de dizer que eu e a Ana Paula estamos inventando tudo. Ela não presta. Não mesmo! Vocês não fazem ideia do que ela é capaz. Ela me fazia cada ameaça. Eu morria de medo dela. Principalmente de te machucar, Marcela. Ela sabe que eu gosto de você. E me disse várias vezes que se soubesse que eu te dei um beijo, ia te quebrar todinha. Eu tinha tanto medo dela fazer isso. Você não pode nem imaginar. Mais de uma vez ela me bateu e me acertou aqui – levei a mão aos testículos. -- E doeu tanto que quase desmaiei. Foi horrível. Por isso eu evitava de ficar perto de você ou sozinho contigo, com medo de que ela achasse que eu tinha feito alguma coisa contigo.
-- O que você poderia fazer comigo?
-- O mesmo que ela me obrigava a fazer com ela: se deitar contigo.
-- Ah, mas deixa ela voltar. Ela me paga. Ela tá pensando o quê? Que eu sou uma puta que nem ela?
-- Vai ver ela acha que todo mundo é igual a ela – falei, dando de ombros.
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