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Contos-->O Diário de Suzane -- 12/11/2002 - 20:28 (JANE DE PAULA CARVALHO SANTOS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O que levaria uma moça de 19 anos, bem nascida, estudante de direito, a planejar e ajudar a matar os pais legítimos? Amor? Ódio? Drogas? Doença?

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Querido Diário,

Estou aqui neste catre imundo, cercada dessa gentinha infame – já me cheiraram, me xingaram, me invadiram. Danem-se. Sou uma lagartixa no casulo.
Meu amor está tão longe... Sinto que errei, por que tudo o que fizemos só criou essa distância absurda...
Não sei por que tanto escarcéu. Eles não conheceram o general Manfred. Nazista, ele era nazista! Neto de nazista! Nunca me permitiu opções, não escolhi sequer o curso que fazia. Amigos só prestavam se fossem pessoas de bem, assinale-se: brancas e bem nascidas.
Minha vida era um vazio tão grande, noites imensas, dias inertes. Colegas de faculdade, filhos dos amigos de meus pais, gente idiota, de pensamentos mesquinhos.
Aí veio o Daniel. E tudo mudou. Percebi que havia uma luz no fim do túnel, percebi que havia vida fora das grades vigiadas por circuito interno de TV. Havia vida melhor que a minha. E o nazista teve o desplante de querer proibir a única coisa que valia a pena! E minha mãe, nem parecia mulher, parecia uma máquina, uma biblioteca ambulante, com aquela conversa mansa achava que me convenceria a largar o Daniel, mas, ao mesmo tempo, concordava placidamente com os atos institucionais do general.
Quanta hipocrisia! Que esperavam de mim???? Cumplicidade? Obediência? Se não suportavam diferenças ideológicas, por que me fizeram ser pensante? Melhor seria ter me abortado.
Minhas dores eram diminutas, questiúnculas. Já os seus problemas eram de uma suprema relevância... Eles souberam bem fazer dinheiro, souberam adquirir bens, eis a sua função no mundo. Pois bem! Agora há que se desfrutar disso tudo. Eles não sabiam como, pois que não seria dentro de um castelo cercado por um fosso intransponível. Eu sabia como. E eles nunca permitiram. Que bobagem estou dizendo, sequer me ouviram em dezenove anos de existência! Um bebê rechonchudo é sempre útil para uma vitrine, uma prateleira de bibelôs. Mas bebês crescem e se tornam Suzanes ávidas de vida, cheias de sonhos. Vida e sonhos divergentes dos seus ideais.
Ávida de amor. Ávida de Daniel.
E Daniel sabe tanto do mundo... Sabe tanto de mim... Ele me toca e eu desmaio de prazer. Queríamos ir para Londres, eu ensinaria inglês ao Daniel e viveríamos felizes nos pub’s, tomando excstasy... Ah! Tínhamos tantos planos... Eu pedi ao general (deus sabe o quanto!) que me desse a independência, minha carta de alforria – e alguma grana, claro. E ele?! Me taxou de cafetina, me mandou tomar vergonha na cara e me bateu. Ah, deuses do Olimpo, por que ele me bateu??? Foi quando o Daniel quis ir lá e dar na cara daquele velho safado, mas não iria resolver nada...
Então, veio a idéia. Excelente idéia, quando mandaríamos o velho nazista para o inferno e minha mãe para o céu dos psiquiatras. Eu pegaria aquela casa inútil, trocaria por dólares bem vindos, colocaria meu irmão a tiracolo e o céu seria nosso limite.
Agora, não sei. O advogado disse que não terei direito a herança. Disse que pegaremos pena máxima, que a situação é bem ruim.
Eu só queria saber como está o Daniel... Como eu queria estar em seus braços agora, como adoraria beijar seus lábios, tocar seu sexo.
O mundo seria melhor se as pessoas transassem mais.

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