Quando os representantes do PT começaram as negociações para compor uma “parceria” com o PL, naquela oportunidade, posicionei-me contrário a coligação do PT/PL para as eleições presidências. Discordei porque no meu ponto de vista era um namoro ideologicamente incompatível com ambas as trajetórias dos partidos envolvidos.



Nos textos O que está havendo como PT? publicado em 30.05.2002. Os percentuais de Lula 20.05.2002. A barba grisalha do PT 05.05.2002. Um olho na copa, outro na política 22.06.2002. Teci alguns comentários e formulei algumas perguntas então pertinentes acerca do momento político daquela oportunidade. Uma delas era: o que está havendo com o PT paulista?



Novamente, percebemos que o PT paulista tem os homens-fortes do governo. Sintetizado em dois “josés”. O Dirceu e o Genuíno. O primeiro comanda o governo, o segundo, o partido.

Uma prova desse domínio foi a recusa do Ministro Berzoini em receber o senador Paim. Foi por solicitação de Jose Dirceu que ministro da previdência recusou-se a receber o vice-presidente do senado em seu gabinete. Um desrespeito, acima de tudo, com um companheiro de partido.



A política brasileira nos proporcionará ainda algumas surpresas. A maioria delas serão provenientes do Partido dos Trabalhadores. Há um arranjo anômalo no quadro atual, pois constatamos que o maior partido de oposição é o mesmo partido que está no governo.

Uma contradição digna dos novos tempos. Mas preocupante. Haverá o momento que os parlamentares terão que levantar o crachá, ou melhor, apertar o botão do painel eletrônico. Aí as desavenças estarão explícitas e, possivelmente, o partido dividido. E uma base também em crise existencial.

Não devemos negar que há um campo de militantes petistas que está descontente com as políticas do governo que tem o PT como partido de sustentação. E não são poucos. Estão em silêncio porque são éticos e disciplinados. Mas que no momento oportuno terão o que dizer... e muito. Principalmente no que diz respeito às reformas sociais. Dentre elas: Distribuição de renda. Taxação das grandes fortunas. Imposto progressivo urbano e rural. Política salarial e do salário mínimo. Entre outras.

Quando o governo irá contrariar os interesses dos poderosos? Nesse dia estaremos fazendo política social.



A última manifestação que levou os sindicalistas a Brasília para protestar contra as reformas da previdência rachou a bancada do partido. Dos 93 deputados, 36 participaram dos protestos que consagraram uma mulher com dois H. Heloisa Helena.



No momento só tenho uma certeza. Há um caminho difícil a ser percorrido pelo PT e pelo governo de Lula. Mas Lula tem capacidade para percorrê-lo, embora, ainda, inclusive pelos doutores do QA, o preconceito pela sua pouca escolaridade.

E para exprimir essa dificuldade reporto-me a um verso de umas trovas populares que são ouvidas no cancioneiro guasca do Rio Grande do Sul.

“Borboleta!!! Borboleta!!! A coisa está hosco e preta!!!”.