Cisterna do Poeta
Em algum momento entraria na casa e, com a ajuda de um pouco de água ou de alguma bebida forte, tomaria mais comprimidos alucinógenos e voltaria a ficar ali vendo a vida, na verdade sofrendo por não conseguir vivê-la. Ela passou e viu os olhos sem brilho dele...
CARLOS CUNHA
Meus desejos escondidos...
São como gotas ardentes de fogo que queimam minhas entranhas. Dentro de mim desejos escondidos, perdidos e achados, onde ninguém ousa procurar, ver, sentir, tocar e desejar como eu... Como um louco ou desesperado.
Todos os desejos são permitidos. Doces e infantis por vezes, mas existem as promessas quebradas ao luar, as dores num vazio que acaba por nunca acontecer, como tanto ansiamos.
Esse fogo arde, consome, tira e dá.; incendeia a carne, fazendo-me sentir fraco e forte, dominador e dominado, frágil e endurecido... Arde por um prazer que sinto e não vejo, por arrepios de loucura que transcendem o tempo passado, o presente e o futuro, fazendo de mim um eterno amante.
Ele é perfeito, erótico, quente e profundo como a respiração na hora da posse ou o bater de um coração apaixonado.
Os meus desejos são assim. Existem e consomem minha carne, me levando á delírios maravilhosos... Sempre!
CARLOS CUNHA / o Poeta sem limites
Phat Ryan
Arquivo do Poeta / Vai, enfia no meu cuzinho – To tentando...
- Vai, enfia no meu cuzinho.
- To tentando.
- Como assim ta tentando?!
- É que meu pau não ta bem duro.
- Não ta bem duro? Dez anos me enchendo o saco, pedindo pra “botar no seu cuzinho” e quando eu deixo você me diz que seu pau não ta duro!
- Acho que foi a emoção. Deixa eu tentar de novo.
- Então, vem, mete tudo.
- To quase conseguindo. Abre um pouquinho.
- Abrir o quê?
- O cuzinho.
- Mas você sempre disse que queria botar no cu porque era mais apertado e agora me pede pra abrir? Como é que eu vou abrir o meu cu?
- Relaxando, porra!
- Eu to relaxada até demais. Você é que ta nervoso e com a pica mole!
- O que é isso? Onde você aprendeu a falar assim?
- Falar o quê? Pica mole? Todo mundo fala pica mole!
- Não a minha esposa. Isso é coisa de mulher que tem amante.
- Pois fique sabendo que eu já falava pica mole muito antes de ter um amante.
- O quê? Você tem um amante?
- É isso aí. Ta mais do que na hora de botar as cartas na mesa. Nosso casamento já era.
- Você enlouqueceu? Que papo é esse de uma hora pra outra?
- De uma hora pra outra, nada! A gente sabe que o nosso casamento é um defunto que esqueceu de cair. Nossa filha já tem dezoito anos e eu vou embora com ela.
- Não vai embora porra nenhuma. Primeiro vai me explicar que história é essa de amante? Há quanto tempo você tem um amante?
- Dois meses.
- É o primeiro?
- É.
- E você deu o cu pra ele?
- Dei.
- Ah! Então é por isso que depois de vinte anos você resolveu liberar pra mim?
- É! É isso! Agora com licença que eu vou me mandar.
- Espera! Isso não pode acabar assim.
- Pode e vai. O nosso casamento já era.
- Não to falando em casamento. Eu to falando do seu cu.
- O que tem o meu cu?
- Eu quero comer. Depois de vinte anos eu tenho direito.
- De que jeito você vai comer o meu cu? Você ta broxa.
- Broxa, não, hein! Sou corno, mas não sou broxa!
- Você? Corno? Corno que corneia não é corno.
- Quem disse que eu te corneio?
- Cinismo numa hora dessas? Já não bastam os vinte anos de hipocrisia que passamos nesse quarto?
- Tudo bem. Eu admito. Eu arrumei uma amante nos últimos meses.
- Nos últimos meses? Você tem um caso com essa mulher há anos. Eu sei, nossa filha sabe, o namorado da nossa filha sabe, todo mundo sabe.
- Ah! E eu sou sempre o último á saber o que vocês sabem!
- Essa é boa! Você é a vítima agora. Pelo menos ela te dava o cu?
- Não.
- Puta, mas tu é azarado, hein?
- Ah, é? Então fica de quatro que eu vou te mostrar o azarado.
- Pronto! Tô de quatro. Vem logo.
- Com terrorismo não vai dar. Você bem que podia gemer um pouquinho.
- Ai, meu Deus! Ta bom, então. Fode o meu cuzinho. Vem, enfia essa pica grossa no meu rabo. Eu quero sentir esse caralhão me arregaçando. Vem!
- Você fala essas coisas pro seu amante?
- Escuta aqui! Come logo essa porra desse cu que eu preciso ir embora.
- Ah, é assim? Ta de encontro marcado com o amante?
- Vai querer ou não?
- Ta bom. Ta bom. É que ta seco. Você bem que podia dar uma chupadinha.
- Eu é que não vou chupar essa porra mole. Dá uma cuspida e vai logo.
- Olha, vamos combinar uma coisa. Você vai preparando as suas malas enquanto eu relaxo um pouquinho. Depois você volta aqui e a gente liquida a fatura.
- Minhas malas já estão prontas.
- Porra! Me apunhalando pelas costas!
- Pobre vítima indefesa! Agora com licença que eu tenho que ir embora.
- Espera. A gente precisa discutir melhor a nossa relação.
- Não me faça rir.
- A gente tem muitas responsabilidades em comum.
- Por exemplo?
- Por exemplo, a educação da nossa filha.
- Você nunca se preocupou com isso.
- Nunca é tarde pra começar. Ela já ta uma moça e tem um comportamento que me deixa cheio de dúvidas.
- Que dúvidas?
- Você não reparou na bunda enorme dela. Será que a nossa filha dá o cu pro namorado?
- Ah! Vá se foder! - Tchau. To indo pra quem adora e sabe comer meu cu.
CARLOS CUNHA / o Poeta sem limites
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