Cisterna do Poeta
Ele saiu da piscina, ainda de sunga, mas de pau duro. Pegou-a no colo e deitou-a na espreguiçadeira. Beijou cada centímetro daquele corpo jovem e gostoso. Ela sentou, ficou de frente para ele e tirou a sunga dele. Depois se colocou de quatro, se oferecendo feito uma cadelinha! Irrecusável! Ele meteu de vez...
CARLOS CUNHA
O velório de um “viado” sábio
Ninguém nunca tinha visto um funeral tão florido e exótico. Nem mesmo o passa mento de pessoas famosas, que atraia o povo, suas lágrimas, e suas lamúrias, conseguira superar aquilo que parecia mais uma exposição internacional de flores. Era o velório do tio Ditinho.
O falecido era muito querido. Professor estimado por todas "elas", era quem tinha ensinado as técnicas de amor e de depravação à todas as "bichinhas" adolescentes do bairro. Transmitira á elas todo tipo de sacanagem, com saber e experiência, transformando os moleques viadinhos em viados preparados.
"Todas" sentiam a mesma dor e uma pressão idêntica sobre os seus corações. Aquelas "bichas" que estavam ali amavam e muito deviam para aquele via do cheio de saber, esse comprovado por técnicas passadas aos viadinhos que os transformava em "bichas" felizes e realizadas.
"Todas" eram escandalosos, mas naquele momento se faziam "meditativas" e em silêncio agradeciam ao falecido a felicidade que haviam conseguido na vida.
"Solemar" - Jose Francisco de Almeida Troncoso - vestida a rigor para com a ocasião, dentro um longo preto, usando muita pintura no rosto meloso e calçando sapatos de verniz coloridos que fazia par com o chapéu escandaloso que tinha na cabeça, sorria por dentro e lembrava-se das palavras do velho e bom tio Ditinho:
-"Querida", se você não se entregar totalmente e não vier a realizar o homem que escolheu ele nunca será seu de verdade. Você deve entregar-se de tal modo, e com tal velocidade e perícia, que o faça tonto entre os prazeres que estiver sentindo. Deve ainda levar o seu carinho a tal ponto que o domínio do relacionamento seja só seu, para que o gozo, a realização dos prazeres e da depravação seja algo que venha a ser de seu controle absoluto.
Sábio, sim ele era um viado velho cheio de sabedoria, essa era uma certeza vívida em "Solemar" naquele momento em que meditava em sua própria vida, nos seus prazeres e no seu homem - que era só seu. Enquanto "as outras" viviam atrás de qualquer homem, sem ter carinho e sem receber amor ela era feliz e tinha consciência que devia toda essa felicidade para aquele "viado velho" que estava sendo velado.
E o velório ia transcorrendo, pelas horas que passavam, em um ambiente de paz, flores e viados sorridentes, até que...
# # #
De repente gritos desesperados surgiram nas gargantas das "bichas" presentes ao velório, muitas desmaiaram e uma chuva de flores despencou sob os pés que saíram em uma correria desesperada. O velório passou a ter um clima de confusão carnavalesca. Entre o desespero das "bichas" o tio Ditinho, que não havia morrido, mas tinha tido apenas uma crise cataléptica, levantou-se do caixão e perguntou:
- "Queridas, pra quem é a festa afinal?! É alguma surpresa pra mim?"
CARLOS CUNHA
O Poeta sem limites
Alexis Love
Arquivo do Poeta / O nascimento de um grande amor
O nascimento de um grande amor
Era uma praia que muito poucas pessoas freqüentavam por causa do difícil acesso para se chegar até lá. Não havia estradas para ir de carro, por isso era necessário caminhar por quase duas horas, por picadas que cortavam a mata atlântica para á chegar. Uma das mais belas praias do litoral paulista, que estava quase sempre deserta, onde se encontravam poucos jovens que gostavam de aventura e tinham energia para enfrentar uma longa e difícil caminhada. Nela, além de um contato com um dos locais mais belos da natureza, encontrava-se total liberdade.
Os jovens que iam até lá podiam fumar o seu baseado sem receio de qualquer repreensão, ficar nus para nadarem nas águas límpidas e mornas de um mar calmo, deitar-se na areia branca e macia com o corpo completamente exposto ao sol.
Foi nessa praia que a Claudinha conheceu a Marli.
Ela era uma jovem muito bonita. Tinha longos cabelos lisos e negros, um rosto expressivo e de traços marcantes, olhos verdes brilhantes e espertos, lábios carnudos e dentes brancos e perfeitos que estavam sempre expressando um lindo sorriso. Tinha os seios fartos e rijos, as nádegas polpudas e as pernas longas e bonitas com as coxas grossas e macias. Ela era de fato uma menina muito gostosa.
No colégio era disputada pelos mais belos e atraentes rapazes. Todos os colegas de escola a cobiçavam. Enlouquecia a eles sempre que ia a aula de calça comprida justa e de cintura baixa. Trajava quase sempre uma blusa que deixava exposta a sua barriga. Tinha uma pinta negra do lado esquerdo, a dois dedos do umbigo, e isso a deixava sexy e atraente, fazendo delirar as fantasias eróticas de todos os seus colegas de classe.
Já tinha tido vários namorados. Transara com alguns deles, mas nunca tinha se apaixonado. Fazia sexo por fazer. Nunca na verdade havia chegado ao clímax, e se sentido sexualmente realizada, em nenhuma relação que já tivera com um homem.
Tinha ido com alguns amigos acampar naquela praia. Chegara ao final da tarde, ajudara a armar as barracas, mas logo adormeceu ao lado de uma fogueira que haviam acendido. Deitada sob um céu limpo e cheio de estrelas, ela teve um sono calmo e cheio de sonhos belos.
Acordou quando o dia começava a clarear e viu que todos ainda dormiam. Resolveu passear pela praia. Caminhou durante muito tempo, saboreando a brisa marinha e a calma daquele lugar. Depois de muito caminhar chegou a um ponto distante, do local onde tinham montado as barracas, e lá ela viu que havia uma pessoa deitada em uma esteira.
Era uma mulher loira que estava completamente nua e que, de olhos fechados, expunha o seu corpo aos primeiros raios de sol que surgiam. Ela tinha a pele dourada que brilhava ao fulgor dos raios cálidos e fracos. O seu corpo era lindo e perfeito. Sua respiração, era calma e doce e, dava a impressão que ela dormia um sono profundo.
Claudinha se sentiu atraída por aquela desconhecida. Estava maravilhada pela visão que estava tendo. Aproximou-se silenciosamente dela e ficou paralisada a observá-la, cheia de admiração. Sem movimentar nenhum músculo do corpo a pessoa que estava deitada a assustou quando, sem abrir os olhos, com um movimento quase imperceptível dos olhos lhe falou:
- Olá menina. Dando um passeio pelo amanhecer?
A Claudinha surpresa e maravilhada, com o tom aveludado, doce e calmo da voz que ouvia, balbuciou:
- Desculpa, eu não queria incomodar. É que eu a vi ai deitada e fiquei surpresa, pois não imaginava que havia mais alguém aqui nessa praia.
- Você não está incomodando. Eu gosto de solidão e já faz dois dias que estou aqui, em uma barraca, lá na outra ponta da praia. Foi bom você aparecer porque eu já estava ficando entediada. Vem, sente-se aqui na esteira e vamos conversar um pouco.
A claudinha sentou-se ao lado de sua nova amiga que lhe falou:
- Eu me chamo Marli, moro em um apartamento na Paulista e sou decoradora de ambientes. E você o que faz aqui sozinha?
- Meu nome é Claudia, mas me chame de Claudinha, pois é assim que todos me tratam. Cheguei com uns amigos ontem à noite. Eles ainda estão dormindo nas barracas que montamos, lá do outro lado. Acordei antes deles e resolvi caminhar um pouco pela praia.
- Que bom você ter aparecido. Como eu te falei eu gosto de solidão, mas já estava me sentindo cansada de ficar aqui sem conversar com ninguém. Estava pensando em ir embora, mas agora com você e o seu pessoal por aqui acho que vou ficar mais um pouco.
Conversaram por muito tempo. Falaram de banalidades, das coisas que gostavam e chegaram até a trocar algumas confidencias como se fossem grandes e velhas amigas.
Depois de algum tempo, quando as duas já tinham se tornado íntimas, a Marli falou:
- O sol está uma delícia esta hora. Tira o biquíni para queimar esse corpo sem deixar marcas. Só estamos nós duas aqui e podemos ficar a vontade sem que ninguém apareça para incomodar. Vem eu te ajudo a tirar.
A Claudinha notou que a sua amiga tinha os olhos azuis e que eles brilhavam como se refletisse um pedaço limpo do céu. Um brilho que transmitia segurança, confiança e bem estar. Marli tirou delicadamente o biquíni da Claudinha, olhou em seus olhos e falou:
- Menina, você é linda. Venha, vamos tomar um banho de sol enquanto ele ainda não está muito quente.
As duas deitaram-se na esteira. Marli fechou os olhos e ficou em silêncio enquanto sua amiga olhava para ela, admirava a sua calma e era atingida por sensações desconhecidas. Aquele corpo a atraia. Sentia vontade de acariciar a pele sedosa da mulher que estava ao seu lado. De apalpar e sugar os seios firmes e pontudos que ele tinha. De beijar cada pedaço daquele corpo. Olhava encantada para os lábios vermelhos e carnudos de sua amiga, cheia de vontade de beijá-los, quando ela abriu os olhos, olhou fixamente para ela e falou como se tivesse lido os seus pensamentos:
- Vem me beije querida.
Tudo aconteceu naturalmente. Seus lábios se colaram, suas línguas se enroscaram em um beijo demorado e apaixonado. Suas mãos passaram á procura os pontos sensíveis, uma da outra, e passaram a se deliciar em uma troca inebriante de carinhos. Seus corpos vibravam com os carinhos que trocavam. Um prazer inebriante as atingia a cada toque que uma dava na outra. Marli, uma lésbica experiente e carinhosa, fez com que Clarinha sentisse todo prazer que podia ser proporcionado em uma relação sexual, coisa que nenhum homem havia conseguido.
Exaustas e satisfeitas as duas ficaram horas deitadas, uma abraçada na outra, em silêncio naquele ponto distante do mundo. Não precisava de palavras para saber o quanto se amavam e para ter a certeza de que estariam sempre juntas. Só a areia branca daquela praia deserta, as águas claras e calmas daquele mar e a brisa morna que as envolvia foram testemunhas dos gemidos prazerosos que elas deram, para louvar o grande amor que nasceu entre elas.
CARLOS CUNHA / o Poeta sem limites
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