Feito com retalhos de folhas coloridas
eu plaino solto ao vento nas tardes de verão.
Meu esqueleto é
uma estrutura de agulhas de taquara.
Sou feito com cola, linha de costura
e até rabo eu tenho.
Sou parte de milhões iguais a mim.
No verão o céu fica salpicado
de papel colorido solto ao vento.
Há alegria entre os meninos que felizes
guerreiam entrelaçando linhas cobertas de cerol.
Eu faço parte integrante da festa...
...Quem sou eu?
CARLOS CUNHA
O Poeta sem limites
Os mais famosos papagaios da China são feitos em Beijing, Tianjin e Weifang, sendo esta última uma pequena cidade situada na província de Shandong que adquiriu fama nacional justamente por seus papagaios de papel. A cada ano, realiza-se um festival internacional de papagaio de papel em Weifang que atrai inúmeros adoradores desses brinquedos feitos na China, no Japão, na Austrália, nos Estados Unidos, na Holanda e em outros países.
Na história chinesa, abundam os registros relativos ao papagaio de papel. Durante o período histórico Primavera e Outono, entre os anos 700 e 476 antes do Cristo, o exército do reino Lu cercava a capital do reino Song. Os generais do Lu aproveitaram papagaios feitos de madeira leve por Gong Sun para colher informações militares da cidade sitiada. Segundo uma lenda, nos primeiros anos da dinastia Han do Oeste, cerca de 200 anos antes de nossa era, o general Han Xin tentava um golpe de estado. Ele fez um papagaio de papel e lançou-o ao céu para medir a distância entre o seu quartel e o Palácio Imperial, para depois cavar um túnel pelo qual seus homens pudessem entrar no Palácio e prender o imperador.
Em certas regiões chinesas, há um hábito estranho: quando o papagaio de papel está bem no alto, ia entre as nuvens, o empinador corta propositadamente o fio que o prendia, deixando o seu brinquedo voar livremente para longe. Segundo dizem, dessa forma, as desgraças dele e de sua família seriam levadas para longe e só lhes restariam a felicidade e a boa sorte.
A estação mais conveniente para empinar papagaios de papel aqui na China é a Primavera, sobretudo por volta da Festa Qing Ming, que significa Luz Pura na tradução literal e cai geralmente no dia 5 ou dia 4 de Abril de cada ano. Desde a antiguidade, esta data é uma homenagem aos mortos. Já na dinastia Song, estipulava-se este dia como feriado nas escolas imperiais para que os alunos pudessem visitar as tumbas de seus antepassados. Mas, o hábito limitava-se aos hans, nacionalidade majoritária da China.
Em nossos tempos, os chineses comemoram esta data não só para homenagear os seus próprios ancestrais, mas também às figuras históricas que haviam dado contribuições e aos mártires que se sacrificaram no campo de batalha para defender o país dos agressores estrangeiros ou para fundar a República Popular.
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